Dados do Trabalho
Título
Abordagem Anestésica e Controle da Dor Fantasma na Cirurgia de Berger (Desarticulação Interescapulotorácica) - Relato de Caso
Descrição
Introdução: O tumor filoide é um tumor fibroepitelial raro da mama, com grande variação biológica e propensão à recidiva local. A desarticulação interescapulotorácica (Cirurgia de Berger) é uma intervenção incomum, que envolve a remoção do membro superior e da escápula, e surge como opção para o controle do tumor volumoso ou recorrente. Relato de Caso: Paciente 50 anos, 95kg, 170cm, hipertensa e diabética, apresentando tumor filoide na mama direita de difícil controle local após 10 procedimentos cirúrgicos e radioterapia. Evoluiu com crescimento expressivo do tumor na região axilar. TC de tórax evidenciava massa heterogênea na face anterolateral do hemitórax direito medindo 20 x 15,6 x 14,7cm. Restrita ao leito pela dor intensa, dependente de oxigênio, hipocorada, taquicárdica e normotensa; restante do exame físico sem alterações significativas. Em uso de morfina oral 30mg 4/4h e amitriptilina 25mg. Na sala operatória, iniciada monitorização padrão, pressão arterial invasiva e Índice Bispectral. Submetida à anestesia geral balanceada; indução com fentanil 200mcg, rocurônio 60mg, lidocaína 60mg e propofol 160mg, intubação orotraqueal com tubo aramado 7,0mmDI e manutenção com O2, ar comprimido e sevoflurano (2,0-2,5 Vol%), infusão contínua de remifentanil (0,15mcg/kg/min) e infusões intermitentes de cetamina, totalizando 60mg. Puncionada veia jugular interna esquerda para inserção de cateter venoso profundo e realizados bloqueio contínuo do plexo braquial via interescalênica, com 15mL de ropivacaína 0,5% e bloqueio do plano eretor da espinha (ESP) com 25mL de ropivacaína 0,5%, ambos guiados por ultrassonografia. No intraoperatório, apresentou sangramento estimado de 800mL, com necessidade de transfusão de 2U concentrado de hemácias e infusão contínua de noradrenalina (até 0,14mcg/kg/min) para a manutenção da hemodinâmica. Ao final da cirurgia, foi infundida solução de ropivacaína 0,2% 30mg, dexametasona 4 mg e clonidina 75mcg no cateter do plexo braquial, procedida a extubação e o encaminhamento ao CTI. Nos dois dias subsequentes, foi administrada ropivacaína 0,2% 10mL para controle da dor. A paciente recebeu alta hospitalar em quatro dias, sendo encaminhada para o serviço de Oncologia. Indagada sobre sensações de membro fantasma e dor após seis meses de cirurgia, a paciente negou dor no coto e referiu poucos episódios de dor do membro fantasma (DMF), sem impacto na sua qualidade de vida. Discussão: A Cirurgia de Berger demanda abordagem anestésica meticulosa para garantir a segurança do paciente e a eficácia no controle álgico intra e pós-operatório. A prevalência da DMF após amputação, independente da etiologia, é estimada entre 60 e 80%. Múltiplas intervenções para o tratamento da DMF foram propostas, mas com limitada evidencia clínica; a principal estratégia é a prevenção através do adequado controle da dor. Neste relato, o bloqueio contínuo do plexo braquial permitiu a redução da dor perioperatória, contribuindo para a boa evolução do caso.
Referência 1
Chakravarthy, A.; Chugh, R.; Hewitt, K. Phyllodes tumors of the breast. UpToDate, 2023. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/phyllodes-tumors-of-the-breast. Acesso em: 29 jul. 2024.
Referência 2
Nikolajsen L. Phanton Limb Pain. In: WALL, Patrick; MELZACK, Ronald. Wall and Melzack's Textbook of Pain. 6. ed. Philadelphia: Elsevier, 2013. p. 915-925.
Palavras Chave
Membro Fantasma; Dor Oncológica; Amputação
Área
Medicina da Dor, Cuidados Paliativos e Cuidados em Fim de Vida
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTONIO PEDRO UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE RJ - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
BRUNO BARBOSA CARDOSO DOS SANTOS, ANDRÉA JORGE E SILVA, ALINE ALONSO CHERMAN, MARUSA REGINA ROSA DIAS, LUIS ANTÔNIO DOS SANTOS DIEGO, ROGÉRIO LUIZ DA ROCHA VIDEIRA