Dados do Trabalho

Título

Avaliação da Profundidade Anestésica com Monitorização Cerebral e Espectrograma: Estudo de Caso com o CONOX

Descrição

Introdução:
A monitorização cerebral pode ser realizada pelo CONOX, um monitor não invasivo utilizado para avaliar a profundidade da anestesia. Com ele, é possível avaliar dois índices: o qCON, que avalia o estado de consciência do paciente durante a sedação ou anestesia geral, e o qNOX, que estima a probabilidade de resposta do paciente a estímulos nocivos. No espectrograma, os padrões específicos de atividade cerebral podem ser associados a diferentes anestésicos ou sedativos. Cada fármaco pode gerar uma resposta única que se reflete na alteração das frequências e intensidades das ondas cerebrais observadas.
Relato de Caso:
Paciente de 31 anos, do sexo masculino, 160 cm de altura e 54 kg, ASA II, tabagista ativo, portador de hipertensão arterial controlada, agendado para a realização de uma hernioplastia inguinal videolaparoscópica bilateral. Optou-se por realizar a anestesia geral balanceada com monitorização cerebral de consciência e nocicepção desde a indução anestésica, além da monitorização básica com oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva, temperatura, cardioscopia e capnografia. Foi realizada indução anestésica com fentanil 250 mcg, propofol 100 mg e atracúrio 25 mg, seguida de laringoscopia direta e intubação com cânula orotraqueal (nº 8,0). O paciente foi mantido em ventilação mecânica, com manutenção anestésica utilizando o agente inalatório sevoflurano e remifentanil em bomba alvo-controlada. O procedimento cirúrgico durou 2 horas, e observou-se que o aumento da CAM do sevoflurano resultou em redução tanto do qCON quanto do qNOX, além de mostrar no espectrograma um perfil de ondas com atividade constante alfa e slow delta, porém com a potência teta aparecendo em CAMs mais elevadas de sevoflurano.
Discussão:
A monitorização cerebral revelou que o aumento da concentração alveolar mínima (CAM) do sevoflurano resultou em reduções tanto do qCON quanto do qNOX. Essas mudanças indicam que o aumento do sevoflurano provocou uma maior profundidade de anestesia, diminuindo a consciência do paciente e a capacidade de resposta a estímulos nocivos. Os padrões do espectrograma mostraram atividade cerebral constante nas ondas alfa e slow delta, com a potência das ondas teta emergindo em níveis mais elevados de CAM. A presença de ondas teta em concentrações mais elevadas sugere um estado de anestesia mais profundo. A integração do CONOX com a monitorização básica oferece uma visão mais precisa da profundidade anestésica, permitindo ajustes finos para garantir a segurança e a eficácia durante o procedimento. O ajuste da CAM do sevoflurano com base nas leituras do qCON e qNOX pode ajudar a manter o paciente em um estado ótimo de anestesia, reduzindo o risco de consciência intraoperatória e resposta inadequada a estímulos nocivos. A observação dos padrões de ondas cerebrais no espectrograma proporciona uma ferramenta adicional para a otimização da anestesia, reforçando a necessidade de monitoramento contínuo e ajustes baseados em dados objetivos.

Referência 1

Nunes, R. R., Fonseca, N. M., Simões, C. M E et al. Brazilian consensus on anesthetic depth monitoring. Brazilian Journal of Anesthesiology, 2015, 65(6), 427–436.

Palavras Chave

índice biespectral; Sevoflurano; ESPECTROGRAFIA