Dados do Trabalho
Título
Anestesia para cesárea em gestante com cardiopatia congênita
Descrição
Introdução
A presença de doenças cardiovasculares em gestantes, incluindo distúrbios congênitos, tem aumentado e podem estar associadas a complicações relevantes. Esse risco depende de fatores como gravidade da patologia e comorbidades prévias. Também, a gestação acarreta em modificações hemodinâmicas fisiológicas que podem contribuir para piores desfechos nessas pacientes.
Relato de caso
Paciente, 18 anos, G1P0, 37 semanas e 3 dias, apresentando crescimento intrauterino restrito grau 1, admitida para resolução da gestação via cesárea. Apresentava história de atresia pulmonar com septo interventricular íntegro, valvotomia pulmonar percutânea e troca de valva pulmonar, plastia de valva tricúspide e atriosseptoplastia prévias. Sem outras comorbidades, uso de medicações ou sintomas associados. Ecocardiograma recente apresentando FEVE: 70%. Após entrada em sala operatória, realizada monitorização básica com ECG, PNI, SatO2, checado acesso venoso periférico. Colocada paciente em posição sentada, feita assepsia e iniciada anestesia peridural, técnica de Dogliotti, em L3-L4 com agulha Tuohy 17G, administrada dose teste de 5mL de Lidocaína 2% com vasoconstritor e realizada passagem de cateter epidural. Seguida pela administração titulada de Lidocaína 2% com vasoconstritor totalizando 15mL, além de Morfina 2mg, atingindo um bloqueio motor e analgésico satisfatório. Procedimento realizado sem intercorrências, manteve estabilidade hemodinâmica sem uso de drogas vasopressoras. Administrada medicações sintomáticas, feita retirada de cateter peridural e encaminhada a UTI.
Discussão
O manejo anestésico em gestantes com doenças cardíacas deve ser cuidadoso, visto que possuem quadro clínico muitas vezes complexo e altas chances de desfechos críticos. A avaliação pré-anestésica se mostra eficaz para triagem e identificação do histórico anestésico, obstétrico e cardíaco. Assim como, o manejo multidisciplinar dessas pacientes. Em relação à técnica anestésica, nas cesarianas, a anestesia neuroaxial é preferível sempre que possível, nesse sentido, a vantagem da peridural estaria relacionada com um bloqueio simpático mais gradual e alterações hemodinâmicas menos pronunciadas. A técnica de anestesia neuroaxial epidural sequencial, conhecida como "top up", envolve a administração de pequenas doses seguras de anestésicos, seguida por uma avaliação rigorosa e a obtenção de estabilidade hemodinâmica. Doses incrementais adicionais são administradas conforme a necessidade, garantindo um controle preciso da analgesia e minimizando riscos ao paciente. Desse modo, o anestesiologista deve ter conhecimento e cautela nos procedimentos e a serem realizados nesse grupo de pacientes.
Referência 1
Meng ML, Arendt KW. Obstetric Anesthesia and Heart Disease: Practical Clinical Considerations. Anesthesiology. 2021 Jul 1;135(1):164-183.
Referência 2
Vinsard PA, Arendt KW, Sharpe EE. Care for the Obstetric Patient with Complex Cardiac Disease. Adv Anesth. 2023 Dec;41(1):53-69.
Palavras Chave
cardiopatia em gestante; Anestesia Peridural
Área
Anestesia Obstétrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL DE BASE DO DISTRITO FEDERAL - Distrito Federal - Brasil
Autores
BEATRIZ NASCIMENTO VIEIRA, JOSE CARLOS DANTAS ARBOES