Dados do Trabalho
Título
MONITORIZAÇÃO CARDÍACA FETAL INTRAOPERATÓRIA PARA CIRURGIA NÃO OBSTÉTRICA: RELATO DE CASO
Descrição
INTRODUÇÃO
Aproximadamente 1-2% das gestantes são submetidas à cirurgia não obstétrica sob anestesia durante a gravidez. O gerenciamento anestésico visa otimizar homeostase materna, evitar alterações na perfusão útero-placentária que possam prejudicar o feto e prevenir o parto prematuro. Resultados após cirurgias não obstétrica indicam que a morte materna é rara, entretanto prematuridade (8,2%), aborto espontâneo (5,8%), trabalho de parto prematuro (3,5%), perda fetal (2,5%) e interrupção eletiva (1,3%) ocorrem com maior prevalência. Por isso, uma monitorização fetal no perioperatório é necessária para manter o bem-estar materno-fetal durante a cirurgia.
RELATO DE CASO
Gestante de 34 semanas e 2 dias, G2P1, 36 anos, sem comorbidades, 60kg, ASA 2 por gestação. Indicado transplante de córnea esquerda de urgência por úlcera de córnea, de etiologia infecciosa, com risco iminente de perda da visão. Devido ao extravasamento de globo ocular, optado por anestesia geral venosa total e monitorização fetal através de cardiotocografia (CTG) contínua. Submetida a monitorizações multiparamétrica e da consciência com índice bispectral (BIS). Indução anestésica em sequência rápida com fentanil 2,5mcg.kg-1, lidocaína 1mg.kg-1, propofol em infusão alvo-controlada (TCI) de 3ng.ml-1 e rocurônio 1,2mg.kg-1. Intubação orotraqueal por laringoscopia direta e anestesia mantida com propofol guiado por BIS e remifentanil em TCI alvo de 1-2ng.ml-1. Corrigida hipoglicemia inicial (60 mg/dl) com glicose 50% 5g. Cardiotocografia fetal realizada por obstetra sem sinais de gravidade. Tempo cirúrgico de 2h, sem intercorrências. Extubada ao término, com despertar suave e sem queixas de dor. Encaminhada à sala de recuperação anestésica, mantendo estável a monitorização materno-fetal por 60 minutos.
DISCUSSÃO
É fundamental uma abordagem direcionada para a segurança da mãe e do feto, na anestesia geral na gravidez. A preparação de gestantes considera riscos como aspiração, intubação difícil, asfixia fetal intrauterina e trabalho de parto prematuro. O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas recomenda CTG contínua em todos os fetos viáveis com idade gestacional superior a 23 semanas durante a cirurgia. A presença de obstetra auxilia a interpretar os padrões de frequência e variabilidade cardíaca; e intervir precocemente para proteger o feto em casos de padrões não tranquilizadores. O uso de medicações em TCI evita complicações por excesso de dose.
Referência 1
Reitman and Flood. Anaesthetic considerations for non-obstetric surgery during pregnancy. British Journal of Anaesthesia 107 (S1): i72-78 (2011) doi: 10.1093/bja/aer343
Referência 2
Okeagu CN et al., Clinical management of the pregnant patient undergoing non- obstetric surgery: Review of guidelines, Best Practice & Research Clinical Anaesthesiology, https:// doi_org/10.1016/j.bpa2020.04.004
Palavras Chave
Gestante; monitorização fetal; cardiotocografia
Área
Anestesia Obstétrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROF ALBERTO ANTUNES UFAL - Alagoas - Brasil
Autores
ARTUR VINICIUS LIMA E SILVA, RAFAEL PETERSON SOARES SANTOS, ROBERTA RIBEIRO BRANDAO CALDAS, SWELLEN KARINE CORREIA SALVADOR , EDIVALDO HOLANDA JÚNIOR, FLAVIO ANNICCHINO