Dados do Trabalho
Título
Hemorragia Subaranóide Após Raquianestesia: Um Relato de Caso
Descrição
INTRODUÇÃO: A hemorragia subaracnóide resulta do sangramento entre aracnóide e pia-máter, de origem traumática ou não. A HSA após raquianestesia é uma complicação rara e pouco descrita, usualmente associada à punção difícil, trauma raquimedular direto e uso de anticoagulantes ou antiplaquetários. O quadro clínico inclui cefaleia de forte intensidade, de início abrupto, associada a náuseas e vômitos, perda de consciência, irritação meníngea e déficits focais. O objetivo deste relato é descrever o caso de um paciente que apresentou HSA após raquianestesia. RELATO DE CASO: AJS, 44 anos, masculino, ASA II, hipertenso, ex-tabagista, história prévia de discectomia, foi submetido a cirurgia do quadril. Optado por sedação EV com 100mcg de Fentanil e 4mg de Midazolam, seguida por raquianestesia em posição sentada através de punção única mediana com agulha Quincke 27G em L3-L4, após refluxo de liquor límpido e incolor, seguiu-se administração de 12,5mg de Bupivacaína + Glicose associada a 5mcg de Sufentanil por via IT. Posicionou-se o paciente em decúbito dorsal e checou-se nível adequado de bloqueio. O ato anestésico-cirúrgico ocorreu sem intercorrências. No POI iniciou-se cefaleia de intensidade 8/10 EVA, pulsátil, unilateral à direita, sem náuseas, vômitos, foto ou fonofobia, ausência de piora em ortostase e zumbido intermitente ipsilateral. O paciente buscou o PS no 8º PO, recebeu analgesia e hidratação EV com melhora parcial, seguida de alta. Retornou no 12º PO, afastou-se o diagnóstico de cefaleia pós raquianestesia por ausência de critérios. Solicitada avaliação da neurocirurgia e investigação através de RM de crânio que demonstrou presença de material com hipersinal na sequência FLAIR e hipossinal na sequência Gradient Echo preenchendo sulcos corticais no lobo frontal direito, sugerindo conteúdo hemático no espaço subaracnoídeo. Diagnosticada HSA, Hunt Hess I, Fisher I. O paciente foi mantido sob cuidados intensivos, medidas para vasoespasmo com Nimodipino 60mg e repouso absoluto. Prosseguiu-se a investigação com Angio-RM arterial que descartou MAV ou formações aneurismáticas, reforçando hipersinal em sulcos no lobo frontal direito. Após 5 dias em UTI, apresentou melhora clínica e teve alta para a enfermaria. Foi solicitada TC de crânio de controle que excluiu hemorragia e, assim, foi dada alta hospitalar com seguimento ambulatorial. DISCUSSÃO: Apesar do número limitado de casos relatados, esse diagnóstico deve ser considerado. Em 2023, Sasan Nejad P et al. reportaram dois casos de HSA após raquianestesia para cesariana. O primeiro caso foi suspeitado devido à refratariedade e início precoce dos sintomas, confirmado com TC de crânio e complementado com angiografia para descartar aneurismas. O segundo caso foi diagnosticado após dois episódios de convulsões tônico-clônicas generalizadas no 3º PO. Bem como no presente relato, os pacientes não evoluíram com déficits focais e receberam alta assintomáticos após tratamento com medidas para vasoespasmo.
Referência 1
Ziu E, Khan Suheb MZ, Mesfin FB. Subarachnoid Hemorrhage. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441958/. Acessado em: 24/07/2024.
Referência 2
Sasan nejad P, Zamani V, Ameli Z, Ebrahimi P. Subarachnoid Hemorrhage Following Spinal Anesthesia: Two Case Reports. Case Reports in Clinical Practice. 2023; 8(3):126-129.
Palavras Chave
Hemorragia subaracnoide; raquianestesia; Relato de caso
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL EVANGÉLICO DE LONDRINA - Paraná - Brasil
Autores
RODRIGO KEN MATHUY HISSANO, ALINE MOCHE NAVARRO, LAURISA RODRIGUES LOPES, MANOELA ZANETTI DOS SANTOS, JOSE EDUARDO FERREIRA GOMES, PAULO ADILSON HERRERA