Dados do Trabalho


Título

Anestesia em paciente portador de paraganglioma carotídeo: um relato de caso

Descrição

Introdução: Paragangliomas são tumores raros constituídos principalmente por células neuroendócrinas, sendo que de 1 a 4% podem secretar catecolaminas, simulando feomocitomas secretores. Um bom planejamento pré-anestésico para o manejo cirúrgico desses tumores é indispensável a fim de se prevenir situações inesperadas durante o intraoperatório. 
Relato do caso: Paciente masculino, 69 anos, ASA II, com queixa de cefaleia e desconforto em região cervical esquerda. História pregressa de hipertensão arterial sistêmica controlada com Anlodipino. Na avaliação pré-anestésica, apresentava-se normotenso sem queixas de sinais clínicos decorrente de hiperatividade simpática. Os exames laboratoriais encontravam-se normais e o eletrocardiograma em ritmo sinusal, sem alterações. A tomografia computadorizada de cabeça e pescoço revelou tumoração hipervascularizada envolvendo 360º o espaço carotídeo esquerdo (figura 1). O tumor não exercia compressão de estruturas de via aérea. 
A abordagem cirúrgica incluiu embolização endovascular tumoral antes da ressecção, que seria realizada sem eletroneuromiografia. O plano anestésico constituiu-se em anestesia geral balanceada multimodal. O paciente foi admitido com sinais vitais estáveis e submetido à monitorização com cardioscopia, pressão arterial invasiva, oximetria de pulso e capnografia. Garantiram-se acesso periférico calibroso e acesso venoso central. A indução anestésica foi feita com fentanil, lidocaína e rocurônio e a manutenção se deu com sevoflurano e infusão contínua de remitenfanil e dexmedetomidina. Uma bomba de infusão contínua solução diluída de nitroprussiato de sódio esteve disponível desde o início da indução para caso de hipertensão arterial repentina. Porém, no intraoperatório, não foram notados picos hipertensivos ou outros sinais de liberação de catecolaminas. 
Após a excisão do tumor o plano anestésico foi diminuído com a interrupção das drogas venosas de infusão contínua e a reversão do bloqueador neuromuscular feita como sugamadex sódico. O tempo cirúrgico foi de aproximadamente 500 minutos e o paciente manteve-se hemodinamicamente estável, com sangramentos mínimos e balanço hídrico neutro. As condições clínicas do paciente eram estáveis e análise da gasometria arterial, da temperatura e do débito urinário satisfatórios contribuiu para a decisão de extubação em sala operatória.  
O pós-operatório na unidade de terapia intensiva se deu com boa evolução clínica. Houve bom controle pressórico e dos níveis glicêmicos, possibilitando a alta hospitalar três dias após a cirurgia.
Conclusão: A abordagem cirúrgica de tumores paraganglionares necessita de uma avaliação pré-anestésica adequada. O cuidado interdisciplinar e comunicação entre equipe de cirurgiões e anestesistas é fundamental para promover a segurança anestésica peroperatória e assim garantir um bom desfecho cirúrgico. 

Referência 1

Schwaber MK, Glasscock ME, Nissen AJ, Jackson CG, Smith PG. Diagnosis and management of catecholamine secreting glomus tumors. Laryngoscope. 1984 Aug;94(8):1008-15.

Referência 2

Lenders JW, Duh QY, Eisenhofer G, Gimenez-Roqueplo AP, Grebe SK, Murad MH, Naruse M, Pacak K, Young WF Jr; Endocrine Society. Pheochromocytoma and paraganglioma: an endocrine society clinical practice guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2014 Jun;99(6):1915-42.

Palavras Chave

Anestesia Balanceada; Avaliação; tumor neuroendócrino

Área

Medicina Perioperatória

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL E MATERNIDADE MARIETA KONDER BORNHAUSEN - Santa Catarina - Brasil

Autores

EDUARDO AREIAS DE OLIVEIRA, GUSTAVO TSUJISAKI