Dados do Trabalho
Título
ABORDAGEM DE VIA AÉREA DIFÍCIL EM PORTADOR DE DOENÇA DE DEPÓSITO DESCONHECIDA: UM RELATO DE CASO
Descrição
Introdução: O manejo da via aérea difícil (VAD) é um desafio significativo para os anestesiologistas, exigindo planejamento cuidadoso e estratégias antecipadas. O fibroscópio é uma ferramenta útil quando há preditores de dificuldade no acesso à via aérea. Relato de Caso: Paciente sexo masculino, 49 anos, ASA II, com edema progressivo em face e rouquidão há 45 dias, pior nos últimos 07 dias, avaliado por reumatologista com suspeita diagnóstica de doença autoimune (Amiloidose/IgG4/Melkersson-rosenthal?). Admitido para realização de biópsias seriadas de boca e orofaringe para elucidação diagnóstica, sob anestesia geral e com solicitação de intubação nasotraqueal pelo cirurgião. Na avaliação da via aérea foi observado edema de face, língua e mucosa oral, limitação da abertura bucal (distância intericisivos <2cm), mobilidade cervical reduzida, incapacidade de protrair a língua além de esforço respiratório em repouso. Tomografia computadorizada do pescoço evidenciava edema difuso nos planos adiposos do subcutâneo, edema na orofaringe, hipofaringe, laringe e esôfago, que associado ao aspecto atrésico da maxila, do retrognatismo mandibular e ao aumento das dimensões da língua e do palato mole, condicionaram importante redução do calibre das vias aéreas. Devido à dificuldade prevista na via aérea, foi planejada intubação nasotraqueal com utilização de fibroscópio flexível sob sedação consciente e anestesia tópica sequencial, previamente explicada e autorizada pelo paciente. Iniciada infusão contínua alvo-controlada de remifentanil (até 5 ng/ml), proporcionando ansiólise e analgesia, porém, mantendo o paciente desperto, colaborativo e em ventilação espontânea. O preparo da mucosa nasal foi feito com vasoconstrictor tópico (oximetazolina) e lidocaína gel 10%. A cânula nasotraqueal n° 6,0 foi inserida pela narina esquerda, sendo utilizada como guia para o fibroscópio. Em um ponto de impactação na altura da nasofaringe, observava-se presença de tecido linfoide exuberante, que apresentou sangramento após tentativa de passagem da cânula. O sangramento prejudicou a visualização da laringe a partir da hipofaringe, aspiração pela narina contralateral foi realizada com pouca efetividade e a intubação foi realizada com dificuldade e sem a realização da anestesia tópica da laringe como previsto. O paciente apresentou agitação leve, mas tolerou o procedimento. A extubação foi realizada de maneira bem sucedida, com o paciente sentado e acordado. Apesar do desconforto relatado, o paciente compreendeu a necessidade e os riscos envolvidos. Discussão: As alterações decorrentes da doença do paciente determinaram dificuldades na realização dos procedimentos anestésicos. O uso do fibroscópio foi crucial para o manejo da VAD neste caso, destacando sua eficácia em situações onde o acesso pela cavidade oral é comprometido, garantindo uma melhor abordagem possível para cenários clínicos desafiadores.
Referência 1
.Miller RD Eriksson LI, Fleisher LA, Wiener-Kronish JP, Young WL – Miller’s Anesthesia. 7th Ed. Philadelphia, 2010.
Palavras Chave
Anestesia; Edema de Via Área; Relato de caso
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.HOSPITAL SÃO RAFAEL - Bahia - Brasil
Autores
RAFAELA TELES TELES MARTINS, VICTOR SAMPAIO DE ALMEIDA, ADRIANO TEIXEIRA FERNANDES, NAZEL OLIVEIRA FILHO, DANIEL REGIS DE ALBUQUERQUE, ALEXANDRE GOULART PUSTILNIK