Dados do Trabalho
Título
Anestesia em paciente acondroplásico: um relato de caso
Descrição
Introdução: A acondroplasia é uma doença genética rara, herança autossômica dominante, conhecida como a forma mais comum entre as doenças do grupo de osteocondrodisplasias que causam nanismo. A incidência varia de 1:10.000 a 1:30.000 nascimentos. A condição está associada a complicações graves que aumentam a morbimortalidade. As características físicas da acondroplasia podem afetar certos sistemas, especialmente o respiratório, cardiovascular, neurológico e osteoarticular, trazendo particularidades à prática anestésica nesses pacientes. Este estudo objetiva analisar as características da patologia que podem influenciar o planejamento e manejo anestésico, visto que o conhecimento de possíveis alterações traz maior segurança aos profissionais responsáveis pelos pacientes (GUIMARÃES, 2023). Relato de Caso: Paciente EOS, masculino, 61 anos, portador de acondroplasia, hipertensão, coronariopatia e insuficiência cardíaca com fração de ejeção normal. Faz uso regular de losartana, nebivolol e hidroclorotiazida. Foi diagnosticado com renoureterolitíase, sendo indicada uma renoureteroscopia retrógrada eletiva. Ao exame: 133 cm de altura, 67 kg, Mallampati 2, pescoço curto, boa mobilidade cervical e de mandíbula. Sem histórico prévio de anestesia geral. Para a abordagem da via aérea, foi realizado um estudo anatômico com fibrobroncoscópio com o paciente acordado sob anestesia tópica local, demonstrando laringe normoinserida sem alterações anatômicas importantes. Para conforto, iniciou-se a indução com propofol; após observar expansão do tórax à ventilação, foram administrados fentanil, rocurônio e lidocaína. Após 5 minutos de ventilação, foi realizada a intubação sob videolaringoscopia, Cormack-Lehane 1, sem intercorrências. Optou-se pela manutenção anestésica com anestesia geral balanceada utilizando sevoflurano e remifentanil em bomba de infusão contínua. Após a cirurgia, o bloqueador neuromuscular foi revertido com sugamadex. O paciente despertou sem queixas e foi encaminhado para a sala de recuperação anestésica com Aldrete 10. Discussão: A acondroplasia é causada por uma mutação genética no receptor 3 do fator de crescimento do fibroblasto (FGFR3), resultando em malformações ósseas. As alterações morfológicas são variáveis: baixa estatura desproporcional, encurtamento dos membros e dos dedos da mão, macrocefalia, hipoplasia da face média, cifoescoliose e genu varu. Em relação à via aérea, deve-se estar atento ao maior risco de obstrução e à dificuldade na laringoscopia direta. O anestesista deve considerar os fatores preditores de via aérea difícil, descritos na Tabela 1 (ABRÃO, 2009)(GUIMARÃES, 2023). Conclusão: As alterações associadas à acondroplasia podem complicar o manejo anestésico, especialmente durante a abordagem das vias aéreas. Para minimizar os riscos durante o período perioperatório, é essencial realizar uma avaliação pré-anestésica completa, buscando as particularidades de cada caso e antecipar possíveis complicações (ABRÃO, 2009).
Referência 1
Abrão MA, Silveira VG, Barcellos CFLVA et al — Anestesia em Anã Acondroplásica Obesa Mórbida para Gastroplastia Redutora. Revista Brasileira de Anestesiologia. 2009; 59:1
Referência 2
Guimarães MCP, Da Silva NRF,Andrade de Abrahão AL et al. Acondroplasia: uma revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico. 2023; 23(3): 79-86
Palavras Chave
acondroplasia; Anestesia; Manejo Anestésico
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL DA FORÇA AÉREA DO GALEÃO RJ - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
KARINA GOMES MARTINS, LUCAS MACHADO DA ROCHA TARLE, NAYARA PAULO CASTRO GOUVEA, PEDRO EL HADJ DE MIRANDA, GILBERTO ORLANDO DE ASSUNÇÃO PORTELA JUNIOR