Dados do Trabalho


Título

COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA EM PACIENTE PORTADORA DE ATROFIA DE MÚLTIPLOS SISTEMAS: RELATO DE CASO

Descrição

Introdução
A atrofia de múltiplos sistemas (AMS) é uma desordem neurodegenerativa grave e progressiva, com prevalência de 3,4 a 4,9 casos por 100.000 habitantes. Apresenta maior incidência em indivíduos com idade superior a 60 anos e apresenta sobrevida média de 6 a 10 anos após a descoberta do diagnóstico. Pode se apresentar com características cerebelares, piramidais e parkinsonianas, de modo que é um importante diagnóstico diferencial de diversos transtornos, como a doença de Parkinson idiopática, a demência de corpos de Lewy e as síndromes parkinsonianas atípicas. Em virtude da disfunção autonômica relacionada à síndrome, os desafios para a anestesia segura incluem a dificuldade de manutenção de níveis tensionais, deglutição e fonação prejudicadas, apneia do sono frequente, dispneia e movimentação involuntária.
Relato de caso
Paciente do sexo feminino, 64 anos, 94Kg, dislipidêmica e portadora de atrofia de múltiplos sistemas diagnosticada há 3 anos, com prejuízo importante da função respiratória nos últimos 3 meses, em acompanhamento diário com fisioterapia. Fora-lhe indicada colecistectomia em virtude de cólica biliar e internações recorrentes. Admitida em Centro Cirúrgico hemodinamicamente estável e avaliada em pré-operatório com realização de ultrassonografia gástrica, sem evidência de resíduos. Monitorizada com cardioscópio, oxímetro de pulso, pressão arterial não invasiva, termômetro axilar e TOF. Submetida a anestesia geral balanceada, induzida com Fentanila 3mcg/Kg e Propofol 1,5mg/Kg, Rocurônio 0,3mg/Kg, revertido ao final do procedimento (sugammadex 200mcg), e manutenção de plano anestésico com Sevoflurano 1,5%. Analgesia intra-operatória realizada com Remifentanila a 0,1mcg/Kg/min e pós-operatória com Morfina 4mg. Tempo anestésico-cirúrgico de 2h40, com seguimento em UTI, sem queixas ou intercorrências.
Discussão
As principais intercorrências perioperatórias de pacientes com AMS estão relacionadas a hipotensão e ao manejo das vias aéreas. A gastroparesia pode favorecer broncoaspiração, de modo que a indução em sequência rápida deve ser considerada em caso de confirmação ou suspeita de esvaziamento gástrico incompleto, sendo a ultrassonografia importante tecnologia para esta finalidade. Ademais, disautonomias podem apresentar resposta imprevisível às drogas anestésicas e vasoativas. Outras complicações incluem hipoglicemia, hipo ou hipertermia por comprometimento da transpiração e paresia do abdutor da corda vocal. Faz-se necessário acompanhamento rigoroso dos sinais vitais em pós-operatório; por isto, optou-se pelo acompanhamento pós-operatório em UTI, com monitorização contínua. Embora técnicas neuroaxiais sejam alternativas seguras de abordagem, a anestesia geral vem ganhando espaço, sobretudo quando poupadora de opioides e bloqueio neuromuscular profundo, razão pela qual foram utilizadas baixas doses de fentanila e rocurônio.

Referência 1

JANG, Myung-Soo et al. General anesthesia for a patient with multiple system atrophy. Korean Journal of Anesthesiology, v. 67, n. Suppl, p. S34-S35, 2014.

Referência 2

KUMAR, Chandra M. et al. Anesthesia in patients with multiple-system atrophy: a narrative review and practice guidance. A&A Practice, v. 12, n. 5, p. 176-179, 2019.

Palavras Chave

Anestesia; atrofia múltiplos sistemas

Área

Doenças Neuromusculares e Medicamentos

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET DO ANESTLIFE - HOSPITAL SÃO DOMINGOS - Maranhão - Brasil

Autores

DENER ALVES CORDEIRO, PLINIO DA CUNHA LEAL, LYVIA MARIA RODRIGUES DE SOUSA GOMES, AMANDA LAINA SANTOS PORTO, VITOR PAIXAO CRUZ, MARCOS VINICIUS ARAUJO BRITO