Dados do Trabalho


Título

Alteração da potência alpha no espectrograma em paciente em transplante de fígado.

Descrição

Introdução:
O espectrograma é formado a partir do tratamento matemático do eletroencefalograma bruto e permite análise das potências da atividade elétrica em cada faixa de frequência no tempo. Essa modalidade de monitoração cerebral se faz necessária na prática cotidiana da anestesiologia, pois níveis muito superficiais ou profundos da anestesia podem ser danosos para o paciente em curto e longo prazo. Há múltiplos fatores que interferem no espectrograma: desordens hepáticas, neurológicas, uso de fármacos e idade. Dito isso, é fundamental a interpretação do espectrograma durante o ato anestésico e sua discussão na comunidade acadêmica.

Relato de caso:
PMK, 59 anos, portador de hemocromatose, cirrose hepática, transtorno psiquiátrico e hipotireoidismo, em uso de levotiroxina e lítio. Submetido a transplante hepático, de doador cadáver, com sintomas de encefalopatia hepática grau III e classificação MELD 27.
Feito indução com alfentanil, etomidato e rocurônio, monitorização hemodinâmica com sistema Flotrac. Durante anestesia, mesmo com alvo anestésico adequado com TCI de propofol e remifentanil, foi observado no espectrograma baixa potência alpha e tendência a supressão durante todo o período. Durante fase anepática, paciente evoluiu com franca supressão cerebral e após reperfusão hepática tem início de melhora da potência alpha e delta.

Discussão:
A medida que o paciente é submetido a anestesia geral com propofol, ocorre a diminuição de ondas beta e aumento de potenciais alpha com slow-delta na região frontal no eletroencefalograma, não completamente explicado, mas que demonstra uma desconexão córtico-talâmica, que leva a um impedimento de transmissão de impulsos dolorosos ao córtex (Brown, 2019).
Pacientes indicados para transplante hepático, podem evoluir para encefalopatia devido ao acúmulo de amônia e substâncias gabaérgicas no organismo, levando a sintomas de confusão leve até o coma.
Foi observado que em pacientes com status neurológico afetado prévio à indução anestésica, como em estado de delirium, podem ter um decremento do potencial alpha com permanência do padrão slow-delta e tendência a supressão, provavelmente devido a uma falha de sincronização tálamo-cortical, desenvolvendo uma hiperpolarização talâmica (Gutierrez, 2019).
Sugere-se que, com a reperfusão hepática no intraoperatório e consequente aumento do clearance de amônia e queda dos seus níveis cerebrais, ocorre um novo acoplamento, melhorando o padrão de supressão no espectrograma e aparecimento de ondas alpha.

Referência 1

⦁ BROWN,‌ EN; Purdon PL; Akeju O et al. Monitoring the State of the Brain and Central Nervous System During General Anesthesia and Sedation. In: GROPPER, M. A. Miller’s anesthesia. 9. ed. Amsterdam: Elsevier, 2019.

Referência 2

GUTIERREZ, R. et al. Intraoperative Low Alpha Power in the Electroencephalogram Is Associated With Postoperative Subsyndromal Delirium. Frontiers in Systems Neuroscience, v. 13, 18 out. 2019.

Palavras Chave

Monitorização Neurofisiológica Intraoperatória

Área

Sistemas Gastrointestinais e Hepáticos

Fonte de financiamento

Privado

Instituições

Universidade Santo Amaro -UNISA - São Paulo - Brasil

Autores

TALISON SILAS PEREIRA , MARCELO STUCCHI PEDOTT, VINICIUS CARVALHO SILVA, SARAH PIRES SOARES, AMANDA FERREIRA CAMPOS, CAROLINA GUIDI GANZELLA