Dados do Trabalho
Título
ANESTESIA PARA RESSECÇÃO DE TERATOMA SACROCOCCÍGEO NEONATAL: RELATO DE CASO
Descrição
INTRODUÇÃO: O teratoma sacrococcígeo é o tumor congênito mais comum em recém-nascidos (RN) e predomina no sexo feminino. Apresenta alta mortalidade (25-35%) e manejo anestésico complexo, com risco de complicações como hemorragia, hipovolemia, hipotensão, distúrbios hidroeletrolíticos e coagulopatias. RELATO DE CASO: RN, feminino, com diagnóstico pré-natal de teratoma sacrococcígeo. Devido ao crescimento excessivo tumoral e ao polidrâmnio, foi realizada cesárea eletiva com 31 semanas de idade gestacional, sem intercorrências. Ao nascimento, pesando 2.695g e medindo 42 cm, apresentava massa sacral de 15 cm de diâmetro e 550g, com consistência sólido-cística e vasos superficiais de grande calibre. Indicada a ressecção cirúrgica do tumor às 6 horas de vida. O neonato chega ao centro cirúrgico em IOT, com cateterização da veia umbilical e da artéria umbilical para monitorização invasiva de pressão arterial e coleta de exames laboratoriais. Com sonda orogástrica e sonda vesical de demora. No intraoperatório, em anestesia geral balanceada, o RN apresentou choque hipovolêmico, hipotensão e queda na capnografia. Realizada expansão volêmica e coletas de gasometria arterial mostrando hemoglobina de 8,2 g/dL (pré-cirúrgico 14,9 g/dl), hipocalemia e acidose metabólica. Foi necessária adrenalina em bomba de infusão contínua (BIC), transfusão de 20 ml/kg de concentrado de hemácias e de plasma fresco congelado. Foram corrigidos distúrbios hidroeletrolíticos e acido-básicos, preservando estabilidade hemodinâmica. Apesar das medidas para garantir normotermia, a RN apresentou hipotermia no término. Após 3h de cirurgia, a paciente voltou à UTI estável, com adrenalina em BIC e em intubação orotraqueal com ventilação mecânica em incubadora. Apesar de resultados favoráveis com monitorização do esfíncter anal no intraoperatório, com 8 meses de evolução a paciente apresentava incontinência fecal parcial. DISCUSSÃO: O teratoma sacrococcígeo, embora seja o tumor de células germinativas mais comum em RNs, é raro, com incidência de 1 em 20.000-40.000 nascimentos. A alta mortalidade está associada ao crescimento tumoral, hidropsia, placentomegalia e insuficiência cardíaca por shunt arteriovenoso. A ressecção precoce pós-natal, como no caso descrito, evita ruptura traumática do tumor, choque hemorrágico e malignização tumoral. A cateterização venosa central e arterial no pré-operatório foi essencial para reposição volêmica e monitorização hemodinâmica adequada. O controle da temperatura é essencial pela hemorragia e grande superfície tumoral exposta durante a ressecção, evitando hipotermia e coagulopatia. A monitorização elétrica do esfíncter anal é crucial para preservar função neurológica e continência fecal. No caso relatado, a RN teve um prognóstico favorável, com melhora contínua no desenvolvimento e crescimento, apesar das sequelas motoras. CONCLUSÃO: O adequado planejamento anestésico permite desfechos favoráveis mesmo em casos desafiadores.
Referência 1
Isserman RS, Nelson O, Tran KM, Cai L, Polansky M, Rosenbloom JM, Goebel TK, Lin EE. (2017), Risk factors for perioperative mortality and transfusion in sacrococcygeal teratoma resections. Paediatr Anaesth, 27: 726-732
Referência 2
Olutoye OA, Rosen M, Rollins MD. Anesthesia for Fetal Intervention and Surgery. In: Andropoulos DB, Gregory GA. Gregory’s Pediatric Anesthesia. 6 ed. John Wiley & Sons, 2020; 486.
Palavras Chave
Anestesia pediátrica; Cirurgia pediátrica; Teratoma
Área
Anestesia Pediátrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET DEPTO.ANESTESIOLOGIA DA FCM/UNICAMP - São Paulo - Brasil
Autores
JOÃO VICTOR SIMÕES RAIMUNDO, PAULA PERIN GLATT, RAFAELLA DINI MIYAOKA, ANGÉLICA DE FÁTIMA DE ASSUNÇÃO BRAGA, VANESSA HENRIQUES CARVALHO