Dados do Trabalho
Título
manejo de hemorragia pós-parto severa e útero de couvelaire: relato de caso
Descrição
Introdução: A hemorragia do 3º período do parto é uma complicação obstétrica grave que pode levar a desfechos adversos significativos. Este relato de caso descreve o manejo intraoperatório de uma paciente submetida a cesárea de emergência por suspeita de descolamento prematuro de placenta (DPP).
Relato do Caso: Paciente N.R.G.M, 19 anos, G?P?A?, IG 28+4, pré-natal inadequado, submetida à cesárea de emergência por suspeita de DPP. Durante a sondagem vesical foi observado saída de sangue pela vagina e hematúria. Realizada cesárea sob anestesia geral. Recém-nascido recebeu APGAR 2/7/8 ao nascimento. Observado área de descolamento de placenta de cerca de 30% e atonia uterina. Realizado ocitocina, seguido por misoprostol, sutura hemostática de B-Lynch e ácido tranexâmico com manutenção do sangramento. Optado por ligadura bilateral das artérias hipogástricas, com resolução de hemorragia. Estimado sangramento em 3000mL. Aberto protocolo de transfusão maciça, com transfusão de 3U de CH, 4U de PFC, 1U de crioprecipitado, 1 pool de plaquetas e 2850mL de cristalóides. Paciente encaminhada à UTI, evoluindo com LRA secundária à choque hipovolêmico e necessidade de hemodiálise.
Discussão: A hemorragia pós-parto (HPP) é uma emergência obstétrica que requer intervenções rápidas para reduzir a morbimortalidade materna. Este caso destaca a complexidade do manejo da HPP e sublinha a importância de uma abordagem multidisciplinar bem coordenada. A adoção de algoritmos baseados em estágios para a HPP, conforme recomendados pelo American College of Obstetricians and Gynecologists, ajuda a guiar as ações em emergências e proporcionando uma abordagem sistemática. O manejo inicial da HPP inclui a administração de uterotônicos. A ocitocina é a primeira escolha, seguida por misoprostol e carboprostol. O uso de ácido tranexâmico demonstrou eficácia na redução da mortalidade quando administrado nas primeiras 3 horas após o início da hemorragia. Revisões sistemáticas reforçam a eficácia do manejo ativo na redução de HPP e da necessidade de transfusões. Quando as medidas farmacológicas não são suficientes, intervenções cirúrgicas são necessárias, como a sutura hemostática de B-Lynch ou a ligadura das artérias hipogástricas, para tratar hemorragias incontroláveis. Outras técnicas, como a tamponagem com balão intrauterino e dispositivos de controle de hemorragia induzida a vácuo, também mostraram eficácia em casos refratários. A coagulopatia é uma complicação comum em casos de HPP severa e deve ser tratada agressivamente. A administração de componentes sanguíneos é essencial para estabilizar a hemostasia. A colaboração entre obstetras, anestesiologistas e hematologistas é fundamental para melhorar os desfechos materno-fetais. Protocolos bem estabelecidos e treinamento contínuo das equipes são essenciais para garantir uma resposta rápida e eficaz, combinando intervenções farmacológicas, técnicas cirúrgicas avançadas e tratamento agressivo da coagulopatia.
Referência 1
WOMAN Trial Collaborators. Effect of early tranexamic acid administration on mortality, hysterectomy, and other morbidities in women with post-partum haemorrhage (WOMAN): an international, randomised, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet 2017; 389:2105
Referência 2
6.Gostout BS, Cliby WA, Podratz KC. Prevention and management of acute intraoperative bleeding. Clin Obstet Gynecol 2002; 45:481.
Palavras Chave
choque hemorrágico; Descolamento prematuro de placenta; transfusão maciça
Área
Anestesia Obstétrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET HMCP.PONT.UNIV.CATÓLICA DE CAMPINAS - São Paulo - Brasil
Autores
CAIO HENRIQUE DI GIAIMO SILVA, CAROLINE IRENE DE CASTRO ZOLD, MIGUEL SALOMAO, OTAVIO AUGUSTO DE SOUSA MARQUES