Dados do Trabalho
Título
Manejo anestésico de paciente pediátrico com diagnóstico tardio de Bloqueio Atrioventricular congênito - um relato de caso
Descrição
Introdução: O bloqueio atrioventricular (BAV) total é definido como a interrupção na transmissão do impulso elétrico do átrio para o ventrículo devido deficiência anatômica ou funcional no sistema de condução. É considerado "congênito" quando ocorre espontaneamente em feto ou criança pequena, descartadas as causas secundárias. Costuma ser diagnosticado ao nascimento, porém as manifestações são tardias em até 40% dos casos.
Relato de caso: CHMSR, 8 anos, sexo masculino, 25 quilos, internado com relato de episódios de síncope e cianose há cerca de 1 mês, evoluindo com tontura, fadiga aos pequenos esforços e náuseas. Após investigação, diagnosticado com BAV congênito, necessitando de implante de MP. Dentre os exames complementares: ecodopplercardiograma evidencia dilatação discreta biatrial e biventricular; eletrocardiografia com BAV 2º grau tipo 2:1, distúrbio de condução de ramo direito, escapes ventriculares e frequência 38bpm; e teste ergométrico com baixa capacidade funcional. Admitido em sala cirúrgica para implante: realizada monitorização padrão (PA: 123/70 mmHg, FC: 42 bpm, sat O2: 98%aa); pré-oxigenação; indução anestésica com 1000mcg Alfentanil, 20mg Lidocaína , 60mg Propofol e 30mg Rocurônio; e manutenção anestésica com Sevoflurano 2,5%. Procedimento ocorreu sem intercorrências, com paciente assumindo ritmo de MP após 1 hora do início. Ao final, realizado reversão do bloqueio neuromuscular e encaminhado à UTI pediátrica. Discussão: Em pacientes jovens, as duas principais causas de BAV são os congênitos e pós-cirúrgicos. As razões para a apresentação tardia do BAV congênito provavelmente estão relacionadas a um curso precoce intermitente ou a uma taxa ventricular mais alta do ritmo de fuga. Além da bradicardia, é comum que ele se apresente com redução da tolerância ao exercício e síncope (ataques de Stokes-Adams). Para compensar, o coração aumenta para produzir um volume sistólico mais alto, o que pode levar ao aumento do ventrículo esquerdo e insuficiência cardíaca. Assim, a avaliação pré-anestésica deve incluir uma boa avaliação cardíaca, buscando definir riscos associados a uma potencial disfunção cardiovascular. De modo geral, qualquer procedimento anestésico representará alto risco, pois possíveis alterações hemodinâmicas terão pouca ou nenhuma resposta cronotrópica. Além disso, uma boa avaliação da via aérea, na tentativa de antecipar dificuldade de intubação e evitar período de hipóxia nesse paciente (e, consequentemente, piora da bradicardia), torna-se ainda mais importante. O mesmo vale para a escolha e titulação das drogas, que deve levar em conta a função cardíaca. Por fim, considerando que, quando realizado em tempo, o implante de MP melhora o prognóstico desses pacientes, cada vez mais tem se indicado esse procedimento na população pediátrica. Assim, estudar e compreender as particularidades do procedimento nessa população torna-se indispensável para a boa prática anestésica desses casos.
Referência 1
Sauer, W.H., Walsh, E.P. Congenital third-degree (complete) atrioventricular block. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/congenital-third-degree-complete-atrioventricular-block?search=bloqueio%20atrioventricular%20congenito&source=search_result&selectedTitle=1%7E150&usage_type=default&display_rank=1#topicContent. Acesso em: 25/07/24.
Referência 2
Viagem, T.C., Pinto, A.F.S., Santana, I.A.O., et al. Bloqueio atrioventricular total em paciente jovem sem antecedentes cardiovasculares
Palavras Chave
Bloqueio atrioventricular congênito; Marca-passo cardíaco artificial
Área
Anestesia Cardiovascular e Torácica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET H.DE BASE DISTRITO FEDERAL - Distrito Federal - Brasil
Autores
MARINA TANI GOMES, VICTOR RESENDE DE MELO FREITAS, FABRICIO TAVARES MENDONÇA , ANA KAROLINA DOS REIS DA SILVA