Dados do Trabalho
Título
Anestesia para prostatectomia radical a céu aberto em paciente com doença neurológica preexistente: relato de caso.
Descrição
Introdução: O manejo anestésico de pacientes com doenças neurológicas preexistentes, que afetam o sistema nervoso periférico, central ou o canal espinhal, pode aumentar o risco de déficits neurológicos devido a alterações mecânicas, isquêmicas, tóxicas, metabólicas ou autoimunes. Este relato descreve um paciente admitido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após uma prostatectomia radical e linfadenectomia, que, após receber anestesia geral e regional, apresentou parestesia e dificuldade para deambular nas primeiras 24 horas do pós-operatório. A principal hipótese diagnóstica foi o fenômeno de "double-crush". Relato de Caso: Em 24 de maio de 2024, um paciente com hipertensão, diabetes tipo 2 não insulino-dependente, câncer de bexiga, hipotireoidismo e etilismo cessado há 6 meses, e que negou outras comorbidades, foi admitido no centro cirúrgico para uma prostatectomia radical eletiva. Optou-se pela técnica de raquianestesia com bupivacaína e opioide, realizada com o paciente sentado e sem intercorrências, associada à anestesia geral inalatória. O paciente foi posicionado em decúbito dorsal, e a cirurgia durou 5 horas, com sangramento maior que o previsto, instabilidade pressórica e glicêmica, e necessidade de insulina e hemotransfusão (uma unidade de concentrado de hemácias) durante o procedimento. Após a cirurgia, o paciente foi extubado e encaminhado para a UTI para vigilância hemodinâmica devido à instabilidade pressórica e glicêmica, permanecendo sob observação até melhora clínica. Durante a recuperação, o paciente relatou parestesia nos membros inferiores e dificuldade para deambular, levando à solicitação de parecer da equipe de anestesiologia. A avaliação revelou dificuldade motora e sensorial nos membros inferiores, com perda de sensibilidade nas faces mediais, mas com força preservada. O parecer neurológico confirmou os achados clínicos e, após exames de imagem, diagnosticou neuropatia periférica e múltiplas lesões lombares crônicas. Em anamnese adicional, o paciente relatou dores lombares e parestesia leve nos membros inferiores prévias a cirurgia. As condutas incluíram dosagem de vitaminas e ácido fólico, otimização da fisioterapia e acompanhamento neurológico. O paciente apresentou redução significativa dos sintomas após 48 horas, permanecendo com leve parestesia que não impediu a deambulação. A hipótese diagnóstica de fenômeno de esmagamento duplo, descrita por Upton e McComas, sugere que pacientes com comprometimento neural preexistente podem ser mais suscetíveis a lesões adicionais quando expostos a um insulto secundário, como a raquianestesia ou outras técnicas de anestesia regional. Discussão: Pacientes com estenose espinhal, doença do disco lombar ou polineuropatia diabética apresentam maior risco de complicações associadas à anestesia. A abordagem anestésica deve ser individualizada, considerando os riscos e benefícios da técnica após discussão detalhada com o paciente.
Referência 1
Adam K. Jacob, Sandra L. Kopp e James R. Hebl. Regional Anesthesia in the Patient with Preexisting Neurologic Disease. Disponível em: https://www.nysora.com/topics/foundations-of-regional-anesthesia/patient-management/regional-anesthesia-patient-preexisting-neurologic-disease/#toc_REFER-NCIAS. Acessado em 05/08/2024.
Palavras Chave
NEUROPATIA; Anestesia; double-crush''
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET INTEGRADO HRAN-HRT-ISMEP - Distrito Federal - Brasil
Autores
JUSCELINO FERNANDES PINHEIRO JUNIOR, RUY GABRIEL QUEIROZ BORGES MUNIZ, NATÁLIA REZENDE NOVAIS, THAÍS RODRIGUES SILVA, KELLER JOSÉ NETTO GONÇALVES