Dados do Trabalho


Título

Anestesia multimodal em criança portadora de Distrofia muscular de Duchene: Relato de caso.

Descrição

Introdução: A distrofia muscular de Duchenne é uma das doenças que pode trazer dificuldade ao manejo intraoperatório. Nesse caso, foi realizada uma técnica multimodal para reduzir os riscos e ser compatível com a situação clínica apresentada. Relato do caso: menor de 12 anos,50kg, 135cm, portador de distrofia muscular de Duchenne, hipertensão arterial e cardiomiopatia. Fazia uso de losartana 25mg e carvedilol 6,25mg, tinha exames laboratoriais normais e ecocardiograma com função ventricular preservada, em jejum adequado e sem preditores de via aérea difícil. Foi submetido a cirurgia eletiva de tenotomia bilateral dos músculos flexores dos pés e tornozelos. Todo o circuito do ventilador foi trocado e o aparelho de anestesia foi mantido ciclando por duas horas antes da cirurgia O paciente chegou a sala de cirurgia agitado e impedindo a punção de acesso venoso periférico, por isso foi administrado cetamina 1mg/kg e dexmedetomidina 0,1mg/kg por ECG, PANI, capnografia, monitor de hipnose, FC e spO2 e termômetro nasofaríngeo. A indução da anestesia geral foi feita por via venosa com dexmedetomidina na dose de 0,3mcg/kg em 5 minutos seguida de infusão contínua na dose de 0,5mckkg/min. O remifentanil foi mantido em 5ng/ml em TCI e o propofol foi utilizado no modelo farmacológico de Eleveld em alvo inicial de 3mcg/ml. A concentração de propofol foi guiada pelo monitor de hipnose, e mesmo utilizando o modelo Eleveld que tem maior precisão e menor viés entre concentração medida e predita (pK/Pd), a concentração necessitou ser reduzida para 2,8 e depois para 2,5. O remifentanil foi utilizado em modo TCI mesmo o paciente tendo 12 anos, justificado pelo fato do modelo de Minto ser mais dependente do peso do que da idade do paciente, e sua concentração foi mantida entre 3 e 5ng/ml. Foi realizada a intubação traqueal sem dificuldades. No final do procedimento, o cirurgião infiltrou ropivacaína 0,5% nas incisões para analgesia pós-operatória. A cirurgia transcorreu sem alterações, não houve elevação da temperatura, capnometria ou da frequencia cardíaca. O tempo total de cirurgia foi de 65 minutos e o tempo de anestesia foi 155 minutos. A criança despertou 20 minutos após o término da infusão dos fármacos. A criança permaneceu 6 horas em observação e recebeu alta hospitalar em regime ambulatorial. Discussão: No caso relatado, o modelo de Eleveld associado ao monitor de hipnose conseguiu reduzir o consumo de propofol e por isso, o tempo de despertar do paciente não foi prolongado. A associação de dexmedetomidina e cetamina foi útil para proporcionar a possibilidade de punção do acesso venoso, já que não seria adequado fazer indução inalatória pelo risco de hipertermia maligna. Mesmo havendo risco de hipertermina maligna, a criança recebeu alta hospitalar em regime ambulatorial porque apresentava-se em boas condições e sem queixa de dor.

Referência 1

Muenster T, Mueller C, Forst J e al, Anaesthesic management in patients with Duchenne muscular dystrophy undergoing orthopedic surgery: a review of 232 cases. Eur J Anaesthesiol, 2012:489-94

Referência 2

Bamaga AK et al, Neuromuscular conditions associated with malignant hyperthermia in paediatric patientes: a 25-years retrospective study, Neuromusc Disord, 2016:201-6.

Palavras Chave

distrofia muscular; anestesia venosa; hipertermia maligna

Área

Farmacologia

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET DO CENTRO MÉDICO DE CAMPINAS - São Paulo - Brasil

Autores

RAFAEL NOBRE CONSULIN, LUIS HENRIQUE CANGIANI, LUIZA AZEDIAS PESSOA VIEIRA, LAURA LOPES NASCIMENTO, ISMAEL PONTES SILVA, GUILHERME XAVIER LIMA LUTTI