Dados do Trabalho
Título
Anestesia regional e gerenciamento intra operatório de paciente com hiperplasia adrenal congênita submetido a cirurgia de médio porte: Relato de caso.
Descrição
INTRODUÇÃO
A hiperplasia adrenal congênita (HAC), doença autossômica recessiva que afeta a síntese do cortisol, é a causa mais comum de insuficiência adrenal primária em crianças. As diretrizes atuais indicam o uso de glicocorticóides em dose de estresse para pacientes submetidos à anestesia, geral ou regional, para prevenção de crises adrenais no perioperatório, principalmente, no pós operatório, visto que esse pacientes portadores de HAC não teriam deterioração clínica imediata, diferente de indivíduos não portadores dessa condição. Este relato mostra a anestesia regional realizada em uma criança com diagnóstico de HAC e o plano terapêutico com glicocorticóides, para correção de hérnia umbilical.
RELATO DE CASO
M.E.C.S., 12 anos, 32 kg, portadora de HAC, em uso crônico de 20 mg/dia de hidrocortisona. Submetida à cirurgia de herniorrafia umbilical com duração de 50 min. Monitorada com cardioscópio, pressão não invasiva, oxímetro de pulso, débito urinário e glicemia a cada hora. A sedação foi feita com 2 mg de midazolam seguido por raquianestesia com paciente na posição sentada em L3-L4, mediana, 12 mg de bupivacaína hiperbárica a 0,5%, e 10 mcg de fentanil através de agulha Whitacre 27g. Houve bloqueio sensitivo ao nível de T6 após teste. Conforme orientações de endocrinologista pediátrico do serviço, realizou-se dose de ataque com 100mg de hidrocortisona e manutenção no intra-operatório com bomba de infusão contínua na dose de 100mg por m² de superfície corporal. A pressão arterial manteve-se estável durante o procedimento, dispensando uso de vasopressores. Após término de cirurgia, foi transferida para o centro de terapia intensiva (CTI) pediátrica hemodinamicamente estável, sem queixas álgicas e em terapia de manutenção com 60 mg/dia de hidrocortisona via oral e programação de desmame até dose habitual na alta hospitalar. A analgesia pós-operatória é mantida com analgésicos simples, tendo alta do CTI no 3º dia pós operatório sem intercorrências.
DISCUSSÃO
As complicações da HAC estão ligadas à terapia crônica com corticóides, bem como sinais de insuficiência adrenal aguda como a hipotensão resistente ao volume, necessitando por vezes, de doses maiores de vasopressores e hidrocortisona no intra-operatório. Logo, conhecer o perfil dos pacientes, assim como a fisiopatologia, associado a terapia com glicocorticóides, alicerçada à escolha do tipo de anestesia, reflete em uma maior segurança na prevenção de crises adrenais no período perioperatório.
PALAVRAS-CHAVE: Anestesia; Glicocorticóides; Hiperplasia Adrenal Congênita
CONFLITO DE INTERESSE E FONTE DE FOMENTO: Não houve.
Referência 1
Grinten, Hedi L Claahsen - van Der et al. Congenital Adrenal Hyperplasia—Current Insights in Pathophysiology, Diagnostics, and Management. Endocrine Reviews, [S.L.], v. 43, n. 1, p. 91-159, 7 maio 2021. The Endocrine Society. http://dx.doi.org/10.1210/endrev/bnab016.
Referência 2
Speiser, Phyllis W et al. Congenital Adrenal Hyperplasia Due to Steroid 21-Hydroxylase Deficiency: an endocrine society* clinical practice guideline. The Journal Of Clinical Endocrinology & Metabolism, [S.L.], v. 103, n. 11, p. 4043-4088, 27 set. 2018. The Endocrine Society. http://dx.doi.org/10.1210/jc.2018-01865.
Palavras Chave
Anestesia; Glicocorticóides; Hiperplasia adrenal congênita
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
Hospital Veredas - Alagoas - Brasil
Autores
MATHEUS COSTA PAZ, JOSE LUCAS FARIAS WANDERLEY, JOSE VINICIUS SILVA BEZERRA , Rayanne MAYARA SILVA DE OLIVEIRA VALGUEIRO DE Andrade, CLARICE LIMA MACHADO