Dados do Trabalho


Título

Papel da glutamina na resposta imunometabólica em pacientes com queimaduras graves: uma revisão sistemática.

Descrição

Justificativa e objetivos: Queimaduras graves podem induzir uma resposta hipermetabólica significativa e persistente, causando vários graus de danos orgânicos, podendo levar à síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (principal causa de morte entre pacientes com queimaduras graves). Assim, uma questão importante no tratamento é como reduzir as suas reações hipermetabólicas. Nesse sentido, especula-se a possibilidade de a glutamina reduzir tal via inflamatória, sendo o objetivo desta revisão sistemática, portanto, avaliar o papel da glutamina na resposta imunometabólica de pacientes com queimaduras graves. Método: Realizou-se uma pesquisa na base de dados PubMed em julho de 2024 com os descritores: “Burns”, “Glutamine” e suas variações no MeSH, incluindo-se os filtros “Humans”, “Randomized Controlled Trial”, “Clinical Trial”, “Clinical Study”, “Multicenter Study” e “5 years”. Dos 5 estudos encontrados, foram selecionados os 2 de maior relevância para a elaboração deste trabalho. A escala PRISMA foi utilizada objetivando melhorar o relato desta revisão. Resultados: Ambos ensaios clínicos randomizados controlados utilizaram preparação de glutamina: Wang et al. administrou por via parenteral e Heyland et al. por via oral, ambos na dose de 0,5 g/kg. Eles evidenciaram que ela pode reduzir a decomposição de proteínas e retardar o consumo do músculo esquelético, aliviando a resposta hipermetabólica, além de proteger a mucosa intestinal e reduzir danos orgânicos. Os resultados experimentais de Wang et al. mostraram que os níveis dos indicadores de lesão miocárdica, incluindo isoenzimas da creatina quinase (CK-MB), lactato desidrogenase (LDH), hidroxibutirato desidrogenase (HBD) e troponina I cardíaca estavam aumentadas nos pacientes graves, apresentando redução significativa (p<0,05) no 14º dia no grupo experimental comparado ao controle. O tempo de alta do hospital, contudo, não apresentou diferença significativa entre os grupos para ambos os estudos (p>0,05). Destaca-se que o tratamento com glutamina não é adequado para todos os pacientes queimados, sendo necessárias indicações precisas e dosagens razoáveis, recomendando-se seu uso para pacientes com 20 a 70% da área total de superfície corporal. Conclusões: Os estudos analisados mostraram resultados conflitantes em relação aos riscos e benefícios da suplementação de glutamina em pacientes queimados. Em ensaios clínicos randomizados e controlados de um único centro, foram observados efeitos benéficos mediante indicações precisas e doses razoáveis, com alívio da resposta hipermetabólica e consequente redução de danos aos órgãos após queimaduras. Por outro lado, ensaios multicêntricos, randomizados e controlados, que consideraram características basais, eventos adversos e mortes, não confirmaram um efeito positivo do tratamento, sem evidência de redução de tempo de alta hospitalar com vida em pacientes com queimaduras graves que foram submetidos à suplementação de glutamina enteral.

Referência 1

Heyland DK, Wibbenmeyer L, Pollack J et al. A Randomized Trial of Enteral Glutamine for Treatment of Burn Injuries. N Engl J Med. 2022;387(11):1001-10.

Referência 2

Wang ZE, Zheng JJ, Bin Feng J et al. Glutamine relieves the hypermetabolic response and reduces organ damage in severe burn patients: a multicenter, randomized controlled clinical trial. Burns. 2022;48(7):1606-17.

Palavras Chave

Queimaduras; Glutamina

Área

Tratamento de Trauma/Queimaduras

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil

Autores

LAURA DE OLIVEIRA, TACIO RAFAEL SANTOS BATISTA, MARIA RITA ANDRADE DE SOUSA