Dados do Trabalho
Título
O USO DE REMIFENTANIL E A DOR TORÁCICA CRÔNICA PÓS-OPERATÓRIA EM COMPARAÇÃO AO USO DE FENTANIL EM CIRURGIAS CARDÍACAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE
Descrição
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS. O remifentanil é um opióide comumente utilizado em anestesia devido às suas propriedades farmacocinéticas favoráveis, incluindo início e término rápidos de ação. É um opióide µ-agonista seletivo, do grupo das fenilpiperidinas assim como o fentanil e seu início de ação após administração por via venosa é rápido: de 1 a 2 minutos. A duração do efeito do remifentanil é curta, com meia-vida de eliminação de 9 a 10 minutos, e a recuperação é rápida mesmo após infusão prolongada, o que confere uma anestesia favorável. No entanto, estudos têm associado o uso do remifentanil à hiperalgesia induzida por opióides e ao aumento da dor pós-operatória, tanto aguda quanto crônica. Em geral, esses estudos tratam de dor torácica após cirurgias cardiovasculares. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é examinar sistematicamente a literatura existente sobre o uso de remifentanil em procedimentos cirúrgicos cardíacos e a sua associação com a dor torácica crônica após 12 meses de cirurgia, comparando com a incidência de dor pós-operatória nos casos de uso de fentanil. MÉTODOS. A metodologia desta revisão sistemática incluiu a pesquisa de estudos nas bases de dados PubMed, Cochrane e Scielo até julho de 2024, utilizando termos como "remifentanil", "dor crônica", "hiperalgesia" e "pós-operatório". Dois revisores independentes selecionaram os estudos com base em critérios de elegibilidade. Os dados foram extraídos de forma padronizada e o risco de viés foi avaliado utilizando a ferramenta Cochrane. Para a comparação entre os diferentes estudos foi utilizado o Software R, versão 4.0.1. RESULTADOS. A pesquisa inicial identificou 279 estudos, dos quais 32 foram selecionados após avaliação de qualidade e de estudos duplicados. Foram incluídos 4 estudos na metanálise, que correspondem a ensaios clínicos aleatorizados (ECAs) e que apresentaram dados claros e qualidade metodológica. Após a extração dos dados, obteve-se razão de risco (RR) de 1.09 (IC95%: 0.55;2.14) de dor crônica após uso de remifentanil em relação ao uso de fentanil. A avaliação de heterogeneidade resultou em variância entre estudos (τ²) = 0.3071 [0.0000; 8.6362], desvio-padrão (τ) = 0.5542 [0.0000; 2.9387], I² = 63.8% [0.0%; 87.8%] e H = 1.66 [1.00; 2.86]. CONCLUSÕES. A análise estatística sugere que, embora existam ECAs que isoladamente demonstram associação positiva entre uso de remifentanil e dor crônica pós-operatória em relação ao uso de fentanil, a associação dos estudos utilizados demonstra que não há relação estatisticamente significativa. Essa conclusão pode ser positiva, tendo em vista as vantagens significativas no controle da anestesia com o remifentanil em relação ao fentanil devido às suas propriedades de rápida ação e recuperação. Entretanto, o alto nível de heterogeneidade e o intervalo de confiança amplo sugerem que mais estudos podem ser necessários para uma conclusão mais definitiva.
Referência 1
Matic M, de Hoodg SD, Wildt SND et al. OPRM1 and COMT polymorphisms: implications on postoperative acute, chronic and experimental pain after cardiac surgery. Pharmacogenomics, 2020; 21: 181-193.
Referência 2
Subramaniam K, Ibarra A, Ruppert K et al. Intraoperative Remifentanil Infusion and Postoperative Pain Outcomes After Cardiac Surgery—Results from Secondary Analysis of a Randomized, Open-Label Clinical Trial. Journal of Cardiothoracic and Vascular Anesthesia, 2021; 35: 458-466.
Palavras Chave
Remifentanil; Dor crônica; Anestesia
Área
Farmacologia
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET DO HOSPITAL LUXEMBURGO - BH - Minas Gerais - Brasil
Autores
FERNANDA TOLEDO ARRUDA, BEATRIZ FREITAS RIBEIRO, GABRIELA RESENDE LOPES DE LACERDA, GIOVANNA XAVIER TOLEDO, JOAQUIM BELCHIOR SILVA