Dados do Trabalho
Título
Videolaringoscopia Versus Laringoscopia Direta em Intubação Orotraqueal de Neonatos: Uma Revisão Sistemática e Meta-Análise de 7 Ensaios Clínicos Randomizados
Descrição
Justificativa e Objetivos: A intubação traqueal em neonatos é um procedimento crítico e desafiador, frequentemente realizado em emergências e cuidados intensivos. A laringoscopia direta, padrão-ouro tradicional, tem limitações significativas em neonatos devido à anatomia complexa e visibilidade reduzida das vias aéreas, aumentando o risco de complicações como lesões, falha na intubação e hipóxia prolongada.¹ A videolaringoscopia tem demonstrado potencial para melhorar a taxa de sucesso e reduzir complicações. No entanto, a eficácia e segurança do videolaringoscópio em comparação com a laringoscopia direta em neonatos ainda são debatidas na literatura médica.² Esta meta-análise visa comparar o uso da videolaringoscopia e da laringoscopia direta em neonatos submetidos à intubação orotraqueal. Método: Em julho de 2024 foi realizada uma busca sistemática da literatura nas bases de dados PubMed, Embase e Cochrane, para ensaios clínicos randomizados (RCTs) comparando a videolaringoscopia com a laringoscopia direta durante a intubação orotraqueal em pacientes neonatais. Esta meta-análise teve como desfecho principal o sucesso da intubação na primeira tentativa. Desfechos secundários incluíram percentual de visualização da abertura glótica, dessaturação durante o procedimento, número de tentativas de intubação, tempo para intubação, trauma de via aérea e bradicardia. A análise estatística foi realizada utilizando o software R versão 4.4.0, a fim de analisar as medidas de risco relativo (RR) e diferença de médias (MD), em modelo de efeito randômico. Resultados: Sete RCTs, incluindo 645 participantes foram elegíveis para análise, destes, 324 neonatos foram submetidos à videolaringoscopia. O uso dessa nova tecnologia demonstrou significativamente maior incidência de sucesso na primeira tentativa (RR 1.19 [IC 95% 1.01; 1.39]; p=0.04, I²= 68%, Figura 1), assim como maior percentual de visualização da abertura glótica (16.33 % [IC 95% 9.47; 23.19]; p<0.01, I²= 67%, Figura 2) e menor incidência de dessaturação (RR 0.81 [IC 95% 0.71; 0.93]; p<0.01, I²= 0%, Figura 3). No entanto, não foram encontradas diferenças significativas quanto ao número de tentativas de intubação (MD -0.05 tentativas [IC 95% -0.13; 0.03]; p=0.22, I²= 9%, Figura 4), tempo para intubação (MD 0.35 segundos [IC 95% -3.48; 4.17]; p=0.86, I²= 95%, Figura 5), trauma de via aérea (RR 0.79 [IC 95% 0.30; 2.07]; p=0.64, I²= 0%, Figura 6), ou bradicardia (RR 0.98 [IC 95% 0.54; 1.78]; p=0.96, I²= 0%, Figura 7). Conclusão: Nos neonatos submetidos à intubação orotraqueal, a videolaringoscopia aumentou o sucesso na primeira tentativa, assim como aumentou o percentual de visualização da abertura glótica, além de diminuir a incidência de dessaturação nessa população. Por outro lado, não foram encontradas diferenças entre os grupos quanto ao tempo para intubação, número de tentativas, trauma de via aérea ou bradicardia.
Referência 1
Geraghty LE, Dunne EA, Ní Chathasaigh CM et al. Video versus Direct Laryngoscopy for Urgent Intubation of Newborn Infants. N Engl J Med. 2024;390:1885-94.
Referência 2
Goel S, Choudhary R, Magoon R et al. A randomized comparative evaluation of C-MAC video-laryngoscope with Miller laryngoscope for neonatal endotracheal intubation. J Anaesthesiol Clin Pharmacol. 2022;38:464-8
Palavras Chave
Intubação; Laringoscopia; Terapia Intensiva Neonatal
Área
Anestesia Pediátrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
Universidade Federal de São João del-Rei - Minas Gerais - Brasil
Autores
TAUÃNA TERRA CORDEIRO DE OLIVEIRA, LUCAS REZENDE DE FREITAS, LUIZ FÁBIO SILVA RIBEIRO, LAIZ GOMES CARNEIRO NOVAES