Dados do Trabalho
Título
MANEJO ANESTÉSICO DE PACIENTE COM SÍNDROME CARCINÓIDE: UM RELATO DE CASO
Descrição
INTRODUÇÃO: Neoplasias neuroendócrinas são raras e afetam principalmente os tratos gastrointestinal e respiratório, originando-se das células enterocromafínicas que geram mediadores, como serotonina. A deficiência na metabolização hepática desses fatores pode gerar síndrome carcinoide. Análogos da somatostatina são eficazes no controle dos sintomas. Como base nos fatores estimuladores, manejo anestésico cuidadoso é essencial para evitar complicações. RELATO DE CASO: Homem, 69 anos, com insuficiência mitro-aórtica grave e tricúspide moderada, foi admitido no hospital por insuficiência cardíaca descompensada, além de diarreia, melena e rubor facial há 1 ano. Exames mostraram derrame pleural, espessamento em íleo terminal, nódulos hepáticos sugerindo metástases, estenose grave da artéria descendente anterior e dosagem urinária do ácido 5 hidroxi-indolacético –metabólito da serotonina– alta. Diagnosticada neoplasia epitelioide bem diferenciada em biópsia hepática, sob anestesia local. Com hipotese de tumor neuroendócrino com síndrome carcinóide, iniciado octreotide, análogo da somatostatina, 600mcg/dia SC, com alivio parcial dos sintomas. Definida cirurgia de dupla troca mitro-aórtica e revascularização miocárdica. Paciente recebeu octreotide EV contínuo, 50mcg/hr, 12 horas antes. Durante ventilação sob máscara, incisão cirurgica e inicio da CEC, o paciente apresentou crises carcinóides, com piora do rubor e hipotensão, com aumento transitório da dose de octreotide, até 500mcg/h. Após saída de CEC e extubação, novas crises, sendo instalado marcapasso e elevada dose do octreotide. Boa evolução no CTI, mantido Octreotide EV continuo por 3 dias. Porém, após ser substituido por via SC, houve nova crise e óbito. DISCUSSÃO: A síndrome carcinoide, uma rara complicação dos tumores neuroendócrinos, é caracterizada por flushing, náuseas, diarreia e alterações cardíacas, principalmente em valvas pulmonar e tricúspide. Na forma aguda, é conhecida como crise carcinoide e cursa com instabilidade hemodinamica. Alguns agentes anestésicos, dor, ansiedade e cirurgias estimulam a crise, que pode ser fatal. Preparo pré-operatório com o octreotídeo, um análogo da somatostatina, que age inibindo LH, Glucagon e cortisol e serotonina, é um dos pilares no manejo. A infusão de 50ug/kg/h 12 horas antes da cirurgia controla a atividade do tumor. São indicados bolus de 100ug na indução, 500ug em situações críticas e manutenção titulada até 48h após. Anestesia geral é ideal para controle de plano anestésico. Evitar dor, ansiedade, hipercapnia, acidose e hipotermia são importantes. Assim como liberadores de histamina, como morfina e atracúrio, e o suxametônio, por liberar peptídeos hepáticos após fasciculações. Epinefrina e norepinefrina não são indicadas, devido hipotensão paradoxal. Na prática, o manejo com fenilefrina e bolus de octreotídeo (20 a 50 ug) geram melhor controle. Talvez, o óbito tenha relação com a troca precoce da via de administração da medicação.
Referência 1
POWELL, B; MUKHTAR, AA; MILLS, GH. Carcinoid:the disease and its implications for anaesthesia. Continuing Education in Anesthesia. Critical Care and Pain Vol I, 2011.
Referência 2
CASTILLO, J; SILVAY, G; WEINER, M. Anesthetic Management of Patients With Carcinoid Syndrome and Carcinoid Heart Disease: The Mount Sinai Algorithm. Journal of Cardiothoracic and Vascular Anesthesia. 2017.
Palavras Chave
Tumor Carcinoide
Área
Anestesia Cardiovascular e Torácica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL JULIA KUBITSCHEK FHEMIG - Minas Gerais - Brasil
Autores
RENATA DE ABREU FABRINI CUNHA, AURÉLIO LEITE RANGEL SOUZA HENRIQUES, PEDRO DRUMMOND LIMA, ELISA SOARES FERBER, RAQUEL REIS SOARES, MICHELLE NACUR LORENTZ