Dados do Trabalho
Título
ABORDAGEM ANESTÉSICA EM CIRURGIA DE CITORREDUÇÃO EM CANCER AVANÇADO COM QUIMIOTERAPIA INTRAPERITONEAL HIPERTÉRMICA
Descrição
Introdução: A cirurgia citorredutora com quimioterapia abdominal hipertérmica (CCR+HIPEC) é um tratamento complexo e multidisciplinar. A seleção apropriada dos doentes, otimização pré-operatória, cuidados intra e pós-operatórios influenciam diretamente o desfecho, pois essa modalidade de tratamento antitumoral induz uma sequência de repercussões sistêmicas da citotoxicidade, que torna o manejo anestésico desafiante. Relato de caso: Mulher, professora, 44 anos, portadora de adenocarcinoma mucinoso de apêndice cecal detectado em Debulking ovariano e, posteriormente, confirmada recidiva peritoneal por videolaparoscopia. ASA II, IMC 26,9, área de superfície corporal 1,75m², com capacidade funcional superior a 4METS. Após Checklist na SO e monitorização padrão, iniciou-se pré-medicação (dexmedetomidina 40mcg, sulfato de magnésio 2g e lidocaína 80mg), realizada peridural toracolombar contínua com lidocaína 400mg com vasoconstritor, clonidina 150mcg e morfina 4mg até nível sensitivo T4. Indução anestésica com propofol 150mg e rocurônio 50mg seguida de intubação orotraqueal e mantida com sevoflurano 2% e sulfato de magnésio venoso. Instalada monitorização invasiva em artéria radial, cateter venoso central, termômetro retroauricular e gasometrias seriadas. A fase citorredutora durou 8 horas dado o volume de metástases peritoneal e diafragmática, com infusão de cristaloides (3 litros) e coiloides (1.5litro), PFC (3U), CH (2U), além de correção de distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-base. Durante a fase de quimioterapia com Oxaliplatina a 43ºC, paciente apresentou aumento da temperatura (36,6º a 38,4º), da fração expirada de CO2, aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, sendo realizadas medidas para manutenção de normotermia e ajustes na ventilação mecânica. Ao fim da cirurgia, paciente manteve estabilidade hemodinâmica, apresentou diurese 1500ml, discreta acidose metabólica, sendo encaminhada à UTI em ventilação mecânica. Foi extubada no mesmo dia e mantida analgesia pós-operatória via cateter de peridural por infusões intermitentes de lidocaína conforme avaliação clínica. Paciente evacuou no 3 DPO, iniciou dieta oral no 4º dia e recebeu alta da UTI no 9º DPO. Obteve alta hospitalar no 14º DPO e segue em acompanhamento ambulatorial. Discussão: A CCR+HIPEC apresenta repercussões associadas a citotoxicidade sistêmica e alterações fisiológicas em decorrência do aumento da temperatura corporal, com destaque a coagulopatias, hipermetabolismo, alterações cardíacas, respiratórias, renais e neurológicas. A nossa prática está de acordo com as recomendações atuais do programa Enhanced Recovery After Surgery(ERAS) ao associar a anestesia poupadora de opioide a anestesia/analgesia epidural que foi associada menor repercussão da citotoxicidade no presente relato.
Referência 1
1. Gupta N, Kumar V, Bharti SJ et al. Anesthetic implications In hyperthermic intraperitoneal chemotherapy. J Anaesthesiol Clin Pharmacol. 2019; 35:3-11.
Palavras Chave
hipec; Anestesia; Quimioterapia Intraperitoneal Hipertérmica
Área
Sistemas Gastrointestinais e Hepáticos
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.DO HOSP.UNIV.GETÚLIO VARGAS-AM - Amazonas - Brasil
Autores
ANTONIO ROBERTO MARQUES LIMA, GAYA AMANDA SAID BARBOSA LIMA, MIRLANE GUIMARES MELO CARDOSO