Dados do Trabalho
Título
Raquianestesia com falha de bloqueio sensitivo apesar de bloqueio motor completo
Descrição
Introdução
A anestesia do neuroeixo, em especial a raquianestesia, apresenta altas taxas de sucesso, porém, não é infrequente que apresente falhas mesmo diante a uma técnica bem executada. Há diversos motivos que podem justificar a falha, entre eles falha da punção, da injeção do anestésico local e da dispersão do anestésico na coluna lombar.
Caso clínico
Paciente masculino, 58 anos, ASA I, internado para cirurgia de hérnia ráfia inguinal bilateral eletiva, da entrada em sala cirúrgica com pressão arterial de 140x70mmHg, frequência cardíaca de 44bpm, eupneico em ar ambiente. Tempo cirúrgico estimado em 2 horas. Optado por raquianestesia e sedação. Realizado raquianestesia com Bupivacaína isobárica 0,50% 12,5mg e Morfina 0,2mg/mL 80mcg com paciente sentado, entre L4/L5 em punção única com saída de líquor claro e gotejante. Paciente posicionado em decúbito dorsal imediatamente após punção. Após 25 minutos da raquianestesia, paciente apresentava bloqueio motor completo e sensibilidade tátil, dolorosa e térmica preservadas. Escala Bromage IV. Realizada nova raquianestesia com Bupivacaína + glicose 8% e bloqueio sensitivo instalado instantaneamente.
Discussão
Entre um dos motivos de falha para raquianestesia está a disseminação intratecal inadequada, que pode ocorrer por anormalidade anatômica, densidade da solução anestésica local, falha de drogas, injeção de medicamento incorreto, incompatibilidade físico-química entre outros.
A densidade da solução injetada em relação ao líquido cefalo raquidiano (LCR) é um fator determinante da disseminação do anestésico intratecal.
Em geral, homens apresentam densidade liquorica entre 1,00031 e 1,00103. A Bupivacaína a 37 graus Celsius apresenta densidade de 0,9993, ou seja, levemente hipobárica em relação ao líquor. Soluções de opióides, comumente empregadas na raquianestesia, apresentam densidade menor que a densidade do LCR, apresentando comportamento hipobárico.
Portanto, para falha do bloqueio sensitivo, temos a hipótese que a solução administrada por via intratecal tenha se tornado, com a adição de morfina, hipobárica em relação ao LCR do paciente, realizando apenas bloqueio das fibras anteriores - motoras - quando realizado decúbito dorsal após a punção.
Referência 1
CANGIANI, Luiz Marciano, CANGIANI, Luis Henrique, LUTTI, Marcelo Negrão, ESTEVES, Luís Otavio. Raquianestesia: Bloqueio Subaracnóideo. In: Cangiani LM Tratado de anestesiologia SAESP, 9 ed. São Paulo, Editora dos Editores, 2021; 1891-1926.
Palavras Chave
Falha raquianestesia hipobarica
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET IPAR - ITAPEVI - SÃO CAMILO POMPÉIA - São Paulo - Brasil
Autores
ALICE PEROTTI CARLESSO, MARIANA REGATIERI POLEZZI , DANIEL VARONI SCHNEIDER, CAIQUE ROCHA NEVES