Dados do Trabalho
Título
SÍNDROME DA IMPLANTAÇÃO ÓSSEA DO CIMENTO
Descrição
INTRODUÇÃO: A Síndrome da Implantação Óssea do Cimento (SIOC) é um evento crítico e potencialmente fatal caracterizado por hipoxemia, hipotensão e perda súbita da consciência, podendo resultar em Parada Cardiorrespiratória (PCR) durante a cimentação óssea, principalmente em artroplastias de quadril, sendo um fator importante de morbidade e mortalidade. Alguns fatores de risco como idade avançada, sexo masculino, doença cardiovascular significativa e uso de diuréticos aumentam o risco de eventos cardiovasculares graves. A habilidade de prever, identificar e tratar a SIOC é fundamental para os anestesiologistas. RELATO DE CASO: Paciente A.S.E., 80 anos, sexo feminino, portadora de Insuficiência Cardíaca Congestiva, Doença de Alzheimer, Cardiopatia dependente de marcapasso, em uso de Indapamida, Carvedilol, Espironolactona, Quetiapina e Escitalopram. Encontrava-se em pós operatório tardio de fratura transtrocanteriana de fêmur a esquerda, necessitando de reabordagem cirúrgica devido "cut out" em material de síntese. Submetida à avaliação cardiológica, com risco alto para a cirurgia de troca de prótese em fêmur. Paciente submetida ao procedimento cirúrgico, com bloqueio regional do tipo raquianestesia, com uso de 20 mg de Neocaína isobárica e 100 mcg de Morfina como adjuvante. Paciente evoluiu após cimentação óssea com alteração do sensório, dispneia e vômitos, mesmo após otimização hemodinâmica antes da cimentação, cursando com perda de consciência, hipoxemia e hipotensão refratárias, até finalmente PCR em ritmo de Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP), sendo prontamente assistida e com retorno à circulação espontânea (RCE) durante o primeiro ciclo de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) com uso de epinefrina. Foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva, evoluindo com crise convulsiva tônico-clônica, revertida com uso de Diazepam, porém evoluindo com nova PCR não respondendo as medidas instituídas. DISCUSSÃO: O cimento ósseo é um material ortopédico composto principalmente por polimetilmetacrilato (PMMA), que ao ser inserido no esqueleto esponjoso pode desencadear a SIOC. A fisiopatologia não é totalmente esclarecida, sendo o modelo da embolização o mais aceito. A SIOC se apresenta na maioria das vezes com redução da saturação arterial de oxigênio e da pressão arterial sistólica (PAS) de forma transitória, sendo apenas aproximadamente 1% dos pacientes com SIOC que irá desenvolver a forma fulminante. O tratamento é de suporte e consiste em administração de O2 a 100%, ressuscitação volêmica e suporte vasoativo e inotrópico. Por se tratar de uma séria complicação e que o manejo é de suporte, torna-se imperativo o reconhecimento dos pacientes de risco, comunicação efetiva entre o cirurgião e o anestesiologista, além da preparação de toda a equipe e definição dos papéis de cada um.
Referência 1
Yang Y, Meng X, Huang Y. Study of the cement implantation syndrome. A review. Medicine (Baltimore), 2024. 14;103(24):e38624.
Referência 2
Mariano FDF, Campos IM, Mora JFL, Ferreira CBT et al. Bone cement implantation syndrome: essential aspects in anesthetic management. Revista Médica de Minas Gerais. 2017. DOI:dx.doi.org/10.5935/2238-3182.20170046
Palavras Chave
IMPLANTAÇÃO ÓSSEA DO CIMENTO; ANESTESIA GERIATRICA;
Área
Anestesia Geriátrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET HOSPITAL SANTA RITA (ABBS) - Paraná - Brasil
Autores
LEANDRO LUIS TONELLO COUTINHO, JOÃO LUIZ MARTINS REGADAS, DANIELE ANACLETO, MARCELO EIJI KOYASHIKI, KEZIA ROBERTA LUCHTENBERG, GUILHERME DE HOLANDA COTA