Dados do Trabalho
Título
Manejo de via aérea difícil em situação de emergência: relato de caso
Descrição
O controle da via aérea (VA) difícil (VAD) em situações de emergência é um grande desafio, e requer avaliação rápida e precisa do paciente, além de ação imediata. Dessa forma, a instituição e o seguimento de protocolos facilitam o manejo nessas situações. Paciente, 46 anos, sexo masculino, portador de artrite idiopática juvenil com sequelas (deformidade de membros, tórax e pescoço) e volumosa hérnia de hiato sintomática. Durante internação em CTI intercorreu com parada cardiorrespiratória (PCR) em assistolia após aspiração de conteúdo gástrico, retornando à circulação espontânea após 7 minutos de ressuscitação, sem retorno ao nível de consciência basal. Equipe da anestesiologia acionada para manejo de VAD: abertura bucal limítrofe, mínima mobilidade cervical e distorção da anatomia cérvico/torácica, além da pneumonite. Iniciada pré-oxigenação, enquanto foi realizada avaliação ultrassonográfica (USG) da região cervical para identificação da membrana cricotireóidea, sem sucesso. Indução anestésica em sequência rápida com etomidato 0,3 mg/kg e succinilcolina 1mg/kg. Primeira tentativa de intubação feita com Videolaringoscopia, o que causou lesão da mucosa do palato duro, sem sucesso. Mantida ventilação através de máscara facial e comunicada equipe de cirurgia torácica. Segunda tentativa realizada com fibroscopia flexível via nasal, sem sucesso por não progressão do fibroscópio e visualização prejudicada pelo sangramento. Optado pela realização da cricotireoidostomia cirúrgica com sucesso. Diante da necessidade de obtenção de VA definitiva, é necessária uma avaliação criteriosa para a detecção de VAD. No entanto, em cenários de emergência nem sempre isso é possível. Nessas situações, a escolha do método de abordagem da VA, a presença de uma equipe multidisciplinar, além de recursos, como dispositivos ópticos, muitas vezes mudam o desfecho. Neste caso, o paciente apresentou preditores de VAD, tanto para laringoscopia quanto ventilação. Porém, tratava-se de um paciente pós PCR, sem nível de consciência adequado e com estômago cheio. Assim, a abordagem ideal para uma VAD predita, que seria a intubação acordado, não era possível. Optou-se pela primeira tentativa com videolaringoscópio, que estava disponível no momento. Porém, não houve sucesso. Assim, como a ventilação por máscara facial era possível, apesar de não ser o ideal para a situação, ventilou-se o paciente até a preparação do fibroscópio, em poucos segundos. Mesmo com este dispositivo, as alterações anatômicas e a lesão de vias aéreas impossibilitaram a intubação. Dessa forma, a via aérea cirúrgica se tornou a única opção, sendo realizada com sucesso pela equipe de cirurgia torácica. Portanto, esse caso evidenciou a importância de uma adequada avaliação, preparação e seguimento de um protocolo para a abordagem de uma VAD.
Referência 1
Apfelbaum JL, Hagberg CA, Connis RT et al. 2022 American Society of Anesthesiologists Practice Guidelines for Management of the Difficult Airway. Anesthesiology. 2022 Jan 1;136(1):31-81.
Referência 2
Martins MP, Ortenzi AV, Perin D et al. Recomendações da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) para manejo de via aérea difícil em adultos. Brazilian Journal of Anesthesiology. 2024; 74(1): 744477.
Palavras Chave
Manuseio das Vias Aéreas; anestesiologia; intubação endotraqueal
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET DO IPSEMG - Minas Gerais - Brasil
Autores
THOMAS SANTIAGO LOPES FURTADO , GUSTAVO ESTEVAM DA SILVA GOMES, PAULA LUIZA ISABELLA CRUZ, JACI CUSTÓDIO JORGE, RAÍSSA BATISTA NUNES DE QUEIROZ, VITOR CARREIRA BRAGA