Dados do Trabalho
Título
MANEJO DE VIA AÉREA DIFÍCIL PEDIÁTRICA COM USO DE DISPOSITIVO SUPRAGLÓTICO EM PACIENTE COM LINFANGIOMA - RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA
Descrição
INTRODUÇÃO
A abordagem à via aérea difícil (VAD) pediátrica é um grande desafio e deve-se realizar uma ação meticulosa para garantir sucesso durante o seu manejo. As características anatômicas inerentes a essa faixa etária ou a presença de malformações podem ser fatores que dificultam o acesso à via aérea (VA) de neonatos e crianças. Por isso, conhecer os diferentes dispositivos que podem auxiliar na garantia de uma VA é essencial. Existem diversos dispositivos que permitem uma abordagem à VAD, garantindo uma ventilação efetiva durante a realização de procedimentos ou em casos de urgências, sendo um deles a máscara laríngea. No relato a seguir, será descrito o caso de um paciente de 10 anos com a presença de um linfangioma na região do pescoço e uso de dispositivo supraglótico para permitir acesso à VAD.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino, 10 anos, com diagnóstico intra-uterino de abaulamento da região cervical e submandibular, com protuberância lingual e impossibilidade de fechamento da boca. Desde o nascimento foi submetido a diferentes procedimentos, tanto para acompanhamento da evolução da lesão como para tratamento, sob anestesia geral. Família relata que em todas as avaliações pré-anestésicas, médicos anestesiologistas demonstraram dúvidas em relação a dificuldade de manejo da via aérea. Apresenta-se ao serviço para Ressonância Magnética (RM) para acompanhamento da lesão com desenvolvimento normal, sem outras comorbidades e com o histórico recente de tratamento por quimioterapia. Realizada indução inalatória com manutenção da ventilação espontânea; após complementação com Propofol 1mg/kg, se introduziu a máscara laríngea percebendo-se adequado acoplamento e padrão ventilatório. A manutenção anestésica ocorreu com Servoflurano 2% de concentração expirada. O procedimento e o despertar foram sem intercorrências.
DISCUSSÃO
A presença de linfangiomas, uma malformação benigna que leva ao crescimento anormal dos vasos linfáticos, ocorre na região da cabeça e pescoço em torno de 60% dos casos, causando possíveis sintomas como dispneia e disfagia devido à compressão de estruturas adjacentes. Alterações na anatomia da região podem levar a situações de VAD no ato anestésico. A realização de exames de imagem - como a RM - é parte do planejamento terapêutico e da abordagem cirúrgica de várias patologias, sendo necessária a sedação ou anestesia geral em casos de pacientes pouco colaborativos, como relatado no caso apresentado. Nessas situações, a análise da via aérea do paciente com vistas a identificar uma VAD e optar por uma abordagem menos invasiva, como a máscara laríngea, pode trazer benefícios como melhor recuperação pós-anestésica e menor chance de traumas na via aérea quando comparada à IOT com fibrobroncoscopia ou intubação retrógrada, já descritas na literatura.
Referência 1
LIMA, L. C., CUMINO, D. O., VIEIRA, A., M., et al. Recomendações da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) para controle de via aérea difícil em pediatria. Brazilian Journal of Anesthesiology 2024; 74 (1): 744478.
Referência 2
FAUL, J. L., BERRY, G. J., COLBY, T., V., et al. Thoracic Lymphangiomas, Lymphangiectasis, Lymphangiomatosis, and Lymphatic Dysplasia Syndrome. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, v. 161, n. 3, p. 1037–1046, 1 mar. 2000.
Palavras Chave
via aérea pediátrica; Linfagioma cervical; dispositivo supraglótico
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
Universidade de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
LAURA SCHÄFER, ANA CAROLINA GUIMARÃES MAGGI, AUGUSTO WEIAND SCHNEIDER, MARIA LUISA REIS ROSSATO SUAREZ, ROBERTO TABOADA FELLINI, MARCELO GUSTAVO ANGELETTI