Dados do Trabalho


Título

ANESTESIA GERAL PARA TIMECTOMIA EM PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA GRAVIS: RELATO DE CASO

Descrição

Introdução: A Miastenia Gravis (MG) é uma doença autoimune que produz autoanticorpos contra o receptor nicotínico de acetilcolina na junção neuromuscular, responsáveis pela fraqueza muscular característica da doença. Antibióticos, sedativos, anestésicos inalatórios e estresse cirúrgico podem desencadear seus sintomas. Já o uso de bloqueadores neuromusculares (BNM) está associado ao aumento do risco de bloqueio residual. O objetivo deste relato de caso é discutir a escolha da modalidade anestésica, levando em consideração os fármacos que apresentam potencial de agravar os sintomas da doença, bem como dos benefícios da anestesia venosa total em relação à balanceada. Relato de caso: Paciente C.M.S., 48 anos, portador de MG e diabetes mellitus, fazendo uso contínuo de Piridostigmina, Insulina NPH e Insulina regular. Admitido com suspeita de Timoma para realização de timectomia. Optou-se pela realização de Anestesia Venosa Total (AVT), com utilização de propofol em bomba alvo controlada (TCI), com alvo de 2,5-3 ng/ml, variando conforme a monitorização do nível de consciência - BIS (alvo de 40-60) e remifentanil a 0,1-0,2 mcg/kg/minuto. Realizado BNM com Rocurônio em dose reduzida, equivalente a 1DE95 (0,3 mg/kg). A profundidade do BNM foi monitorizada durante todo procedimento com uso de TOF em nervo ulnar. Não foi necessário repique de Rocurônio. Como adjuvância foram administradas Escetamina e Lidocaína em bolus, na indução, nas respectivas doses de 0,5 mg/kg e 1 mg/kg, além de 02 gramas de Dipirona. A profilaxia de náuseas e vômitos foi realizada com Ondansetrona e Dexametasona e a antibioticoprofilaxia com Cefazolina. Ao final foi realizada a reversão do BNM com Sugamadex na dose de 4 mg/kg, com valor de TOF 0,6. Ao despertar da anestesia e após extubação traqueal, sinais clínicos de fraqueza muscular foram avaliados. Observou-se adequadas oxigenação espontânea, padrão respiratório, capacidade de engolir saliva, abertura ocular, clareza de visão, capacidade de passagem da mesa operatória para maca de transporte e resposta a comandos. Não foram registrados em evolução pós-operatória no CTI sinais de piora dos sintomas da MG, necessidade de reintubação ou demais intercorrências. Discussão: Em pacientes com MG, é fundamental considerar a fisiopatologia da doença para escolha da técnica anestésica, priorizando o uso de fármacos sem grande potencial de acúmulo e de rápida eliminação. O grau de BNM deve ser monitorizado com o uso do TOF, sendo o sugammadex uma escolha segura e confiável na reversão do BNM pelo rocurônio. Os anestésicos inalatórios halogenados, apesar de não contraindicados, possuem certo grau de relaxamento muscular e podem contribuir para despertar mais lento e maior possibilidade de acúmulo. A AVT, com agentes anestésicos de curta duração, sem metabólitos ativos e reversão do BNM, contribui para a extubação precoce, rápida recuperação e ausência de intercorrências pós-operatórias.

Referência 1

Atish Pal, Vikas Gogia, Chetan Mehra. Desafios perioperatórios e pontos de atenção no bloqueio neuromuscular durante timectomia robótica para miastenia gravis. Brazilian Journal of Anesthesiology, 2020; 70(5); 549-552.

Referência 2

Marcelo Fonseca Medeiros, Marcelo Vaz Nunes, Luis Gustavo Torres dos Santos, et al. Implicações anestésicas na miastenia gravis - revisão da literatura. Rev Med Minas Gerais 2016; 26 (Supl 1): S60-S64.

Palavras Chave

Miastenia gravis; Bloqueio neuromuscular

Área

Doenças Neuromusculares e Medicamentos

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET STA.CASA MISER.B.HORIZONTE - Minas Gerais - Brasil

Autores

VICTORIA CARVALHAES MEDEIROS ANDRADE, ARTHUR MENDES GASPERINI, WIRLEYDE MATTOS LEAO, MICHELLE DOS SANTOS SEVERINO COSTA, KLEBER COSTA DE CASTRO PIRES, MARCELO FONSECA MEDEIROS