Dados do Trabalho


Título

RAQUIANESTESIA CONTÍNUA EM PACIENTE COM ESTENOSE AORTICA SUBMETIDA A OSTEOSSÍNTESE DE FÊMUR – RELATO DE CASO

Descrição

INTRODUÇÃO: O manejo operatório de pacientes com estenose aórtica (EAo) representa um desafio na escolha da via anestésica, uma vez que variações bruscas de pré e pós carga não são desejáveis por aumentar a morbimortalidade peri-operatória. Os bloqueios de neuroeixo tradicionalmente são contraindicados. Como uma alternativa à raquianestesia tradicional, a raquianestesia contínua (RAC) proporciona maior estabilidade hemodinâmica devido a titulação individualizada dos fármacos anestésicos, especialmente nos pacientes com EAo grave. Relatamos o manejo anestésico por RAC para osteossíntese de fêmur em paciente idosa com EAo e múltiplas comorbidades.

RELATO DO CASO: Paciente 82 anos, sexo feminino, sarcopênica, hipertensa e com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), apresentando, em leito de enfermaria, ortopneia, dispneia aos pequenos esforços e edema de membros inferiores, em programação de realizar osteossíntese de fêmur com haste medular curta. Ecocardiograma transtorácico: dupla lesão valvar (EAo moderada e insuficiência aórtica discreta) e sinais de hipertensão pulmonar. Em sala, realizado monitorização com cardioscópio, oxímetro de pulso e pressão arterial invasiva, feita sedação leve com Fentanil 20 mcg e Midazolam 1,5 mg, oxigenioterapia em cateter nasal com 3 L. Após, realizado raquianestesia contínua, punção ao nível de L3L4, LCR claro e normobárico, administração de bupivacaína isobárica 0,5% 7,5 mg e morfina 60 mcg intratecal, posteriormente passagem de cateter sem intercorrências. Durante o procedimento intra operatório manteve hemodinâmica compensada, não houve necessidade de dose adicional de anestésico local, finalizando procedimento após 1 hora. Retirado cateter e encaminhada para UTI estável e sem queixas ao fim do procedimento.

DISCUSSÃO: Por apresentar elevada frequência de complicações neurológicas, além de dificuldade técnica, a raquianestesia continua (RAC) caiu em desuso. No caso relatado, além da valvulopatia, paciente também apresentava DPOC com hipertensão pulmonar, e buscou-se estratégia alternativa que poupasse a necessidade de ventilação mecânica. A RAC permitiu realizar baixa dose de anestésico local na punção com doses adicionais tituladas para adequado bloqueio motor, sem manipulação das vias aéreas minimizando as repercussões hemodinâmicas. Portanto, a raquianestesia continua ainda faz parte do arsenal anestésico, devendo se individualizar o paciente, levando em consideração todas as suas comorbidades e possíveis complicações no perioperatório para escolha adequada da técnica.

Referência 1

1. Tarasoutchi F, Montera MW, Ramos AIO, Sampaio RO, et al. Update of the Brazilian Guidelines for Valvular Heart Disease - 2020. Arq Bras Cardiol. 2020 Oct;115(4):720-775. English, Portuguese. doi: 10.36660/abc.20201047. PMID: 33111877; PMCID: PMC8386977.

Palavras Chave

Estenose aórtica; raquianestesia; anestesia regional

Área

Anestesia Regional

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET INTEGRADO DA FAC.DE MEDICINA DO ABC - São Paulo - Brasil

Autores

ELLEN CRISTINA MENEZES VAZ, SERGIO MURILO DA COSTA CAMARGO JUNIOR, MAYARA CRISTINA SANCHES, RACHEL PEREIRA FERREIRA, VICTOR HUGO ESTEVES DIAS TOVANI, RENATO MEIRELLES MARINO DA COSTA