Dados do Trabalho


Título

Uso de bloqueador neuromuscular para timectomia em paciente com Miastenia Gravis: Relato de Caso

Descrição

Introdução: A Miastenia Gravis (MG) é uma doença neurológica auto-imune resultante da ação de anticorpos contra os receptores nicotínicos pós-sinápticos de acetilcolina na junção neuromuscular, ocasionando sinais e sintomas caracterizados por fraqueza muscular, ptose palpebral e, em casos mais avançados, crises de falência respiratória.
Com uma prevalência de 100 a 200 casos por milhão de habitantes, o tratamento clínico é feito com drogas anticolinesterásicas, mas podem ser necessários outras modalidades de tratamento, tais como a corticoterapia e a plasmaferese. O tratamento cirúrgico, a timectomia, é uma alternativa de abordar a causa base da doença e tem resultados bastante animadores, visto que é atribuída ao timo a produção dos auto-anticorpos.
Por a MG ser uma doença que atinge justamente os receptores nicotínicos na junção neuromuscular, sendo esse o local de ação dos bloqueadores neuromusculares, o manejo anestésico desses pacientes se apresenta como um desafio aos anestesiologistas.

Relato de caso: Sexo masculino, 36 anos, 60 kg, diagnosticado com MG. Apresentava previamente diplopia e fraqueza progressiva proximal. Uso domiciliar regular de piridostigmina 60 mg 4 vezes por dia e prednisona 5 mg 1 vez ao dia. Internado para realização de timectomia por videotorascopia. Realizada monitorização com cardioscopia, oximetria de pulso, capnografia e termômetro esofágico associados a pressão arterial invasiva, índice bispectral (BIS) e acelerometria (ToFscan®). Indução anestésica com 200 mcg de fentanil, 60 mg de lidocaína, 150 mg de propofol e 40 mg de rocurônio. Intubação com tubo endobrônquico esquerdo número 39. Manutenção com anestesia venosa multimodal com propofol 3 µg.mL-1 e remifentanil 0,05 µg.kg-1.min-1. Feito no intra-operatório 8 mg de ondasentrona, dexametasona 10 mg e para analgesia 5 mg de metadona, 2 g de dipirona e 30 mg de trometamol cetorolaco. Procedimento cirúrgico sem intercorrências com duração de 80 minutos. Ao término, paciente apresentando TOF de 0 com contagem pós tetânica (CPT) de 13. Paciente extubado em sala com um TOF de 98% após administração de 200 mg de sugamadex. Encaminhado à recuperação pós anestésica onde permanceu hemodinamicamente estável, eupneico em uso de CN 2L/min e sem dor. Alta hospitalar no 2º dia de pós operatório.

Discussão: A monitorização do grau de bloqueio neuromuscular e a possibilidade de reversão imediata do rocurônio com o uso do sugammadex trazem segurança para o anestesiologista na condução de casos de pacientes com MG, possibilitando uma extubação precoce quando o impasse para tal for apenas a curarização residual.

Referência 1

ALMEIDA, F. H. S. et al. Miastenia gravis análise de 90 casos tratados com timectomia myasthenia gravis. Acta Cirúrgica Brasileira, v. 15, p. 53–56, 2000.

Referência 2

MEDEIROS, M. F. Implicações anestésicas na miastenia gravis – revisão da literatura. Rev Med Minas Gerais, 2016.

Palavras Chave

Miastenia gravis; bloqueador neuromuscular

Área

Anestesia Cardiovascular e Torácica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET IPAR - ITAPEVI - SÃO CAMILO POMPÉIA - São Paulo - Brasil

Autores

CAÍQUE ROCHA NEVES, MARTINHO PEREIRA RIBEIRO NETO, MARCELO RIBEIRO DE MAGALHÃES QUEIROZ, LUCAS DE SOUZA LIMA, MAYCON LUIZ SILVA OLIVEIRA