Dados do Trabalho
Título
Relato de Caso: Manejo Anestésico de Paciente com Escoliose Severa e Miastenia Gravis Submetido a Artrodese Toracolombar
Descrição
Introdução: Pacientes com escoliose severa frequentemente necessitam de cirurgia corretiva complexa, e a presença de comorbidades neuromusculares, como miastenia gravis, complica o manejo anestésico. Miastenia gravis é uma doença autoimune caracterizada por fraqueza muscular flutuante e fadiga, que pode ser exacerbada por anestésicos e relaxantes musculares. Este relato descreve a abordagem anestésica cuidadosa utilizada para um paciente com essas condições, destacando as estratégias para minimizar os riscos perioperatórios. Relato de caso: Paciente, 28 anos, escoliose toracolombar severa e diagnóstico de miastenia gravis, admitido para artrodese espinhal de T4 a L4. Apresentava fraqueza muscular generalizada, controlada parcialmente com piridostigmina, e havia tido crises miastênicas previamente desencadeadas por infecções e estresse físico. A indução da anestesia foi realizada com doses reduzidas de propofol e fentanil, evitando relaxantes musculares devido ao risco de prolongamento da ação e complicações respiratórias. A ventilação foi controlada mecanicamente durante a cirurgia. A manutenção da anestesia foi feita com sevoflurano em baixas concentrações e infusão contínua de remifentanil para analgesia. Para analgesia pós-operatória, um cateter epidural torácico foi colocado antes da indução anestésica, guiado por ultrassonografia. Durante a cirurgia, uma infusão de bupivacaína 0,125% com fentanil 2 mcg/ml foi iniciada através do cateter epidural. A cirurgia durou aproximadamente sete horas, o paciente permaneceu estável. No pós-operatório a analgesia epidural foi mantida, proporcionando um excelente controle da dor e permitindo a mobilização precoce do paciente. O uso de opioides sistêmicos foi minimizado para evitar efeitos adversos. O cateter epidural foi removido no terceiro dia pós-operatório, e a analgesia foi continuada com paracetamol e AINEs. O paciente não apresentou crises miastênicas ou complicações respiratórias significativas. Foi transferido para a enfermaria no quinto dia, com alta hospitalar no oitavo dia, seguindo com boa recuperação, controle adequado da dor e sem exacerbação da miastenia. Discussão: O manejo anestésico de pacientes com escoliose severa e miastenia gravis requer uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar. A combinação de anestesia geral com analgesia epidural contínua pode proporcionar um controle eficaz da dor e minimizar o risco de complicações perioperatórias. Este caso ilustra a importância de uma estratégia anestésica personalizada para otimizar os resultados cirúrgicos e a recuperação pós-operatória em pacientes com comorbidades neuromusculares complexas.
Referência 1
MEDEIROS, M. F, NUNES, M. V, SANTOS, L. G. T. DOS. et al. Anesthetics implications in myasthenia gravis - review. Revista Médica de Minas Gerais, v. 26, 2016. p. 60-64.
Referência 2
Dr. J. Matthew Kynes; Dr. Faye M. Evans. Correção cirúrgica da escoliose: considerações anestésicas. Disponível em: https://www.sbahq.org/entenda-o-que-e-correcao-cirurgica-da-escoliose-sba/. Acessado em: 20/05/2024.
Palavras Chave
Palavras-chave: Escoliose; Miastenia gravis; anestesia regional
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET EM ANESTESIOLOGIA DO HOSPITAL MORIAH - São Paulo - Brasil
Autores
MARIA EDUARDA DUARTE FIALHO, JULIA FURTADO DOS REIS, SOFIA DE LAMATTA BARBOSA