Dados do Trabalho
Título
Gestante com Insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida por doença reumática submetida à cesárea: manejo anestésico e cuidados perioperatórios.
Descrição
INTRODUÇÃO: A gestação é um período de estresse fisiológico cujas alterações hemodinâmicas têm grande potencial de descompensação, particularmente na paciente cardiopata. O status hipervolêmico e hiperdinâmico atinge o máximo do débito cardíaco às 32 semanas, a um nível 30%-50% maior que o pré-gestacional. Em países em desenvolvimento, a alta prevalência de febre reumática pode complicar até 5,9% das gestações com importante incidência de morte materna periparto. Evidencia-se o grande desafio no manejo anestésico da gestante cardiopata submetida ao trabalho de parto e à cesárea, sendo de suma importância o controle álgico e das variáveis hemodinâmicas. RELATO DE CASO: Este relato de caso seguiu as diretrizes CARE. Gestante, 40 anos, G2P0A1 e idade gestacional de 37s1d, foi admitida para resolução da gestação por via cesariana. Portadora de cardiopatia reumática importante e prótese mitral metálica, bem como fibrilação atrial permanente e insuficiência cardíaca (IC), vinha em uso de medicações para IC e em anticoagulação profilática diária. Seu ecocardiograma mostrava uma fração de ejeção de 30%, hipertensão arterial pulmonar (39 mmHg) e hipocontratilidade de ventrículo esquerdo. Em discussão multidisciplinar com a gestante, optou-se pela anestesia geral balanceada com bloqueio regional periférico. Após venóclise com jelco 18G e posicionamento adequado, ocorreu a pré-oxigenação com máscara facial e cefaloaclive, seguida de indução venosa (EV) com remifentanil em bomba de infusão (0,5 µg/kg/min em 2 minutos), lidocaína 60 mg, succinilcolina 70 mg, etomidato 11 mg, e intubação orotraqueal com lâmina Maccoy nº 4 e tubo nº 6,5, mantendo-se sevoflurano inalatório em 1,5 CAM. Foi feito ainda cefazolina 2 g, dexametasona 10 mg e, após extração do concepto (APGAR 8/9), ocitocina 20 unidades, garantindo tônus uterino adequado, seguida de cetorolaco 30 mg, dipirona 2 g e ondansetrona 8 mg EV. Foram infundidos 1000 ml EV de Ringer Lactato aquecido, sem necessidade de vasopressores, alcançando boa estabilidade hemodinâmica durante a cirurgia. Ao término do procedimento, complementou-se a analgesia com bloqueio quadrado lombar bilateral guiado por USG, utilizando-se agulha Quincke 25G e injeção de 20 ml a 0,25% de bupivacaína sem vasoconstrictor, atingindo bom controle álgico após a extubação. DISCUSSÃO: O manejo da cardiopatia reumática durante a cesárea demonstra-se ser algo desafiador, requerendo cuidados multiprofissionais. Buscando um melhor controle das alterações hemodinâmicas durante a cirurgia, as técnicas mais assertivas na escolha da anestesia costumam ser peridural titulada ou anestesia geral. No caso em questão, optou-se por essa última devido à indisponibilidade de cateter de peridural no dia do procedimento. Os desafios durante a anestesia geral durante a cesariana envolvem o manejo de uma via aérea potencialmente difícil, critérios na infusão de fármacos que possam deprimir o bem-estar fetal e controle adequado da hemodinâmica materna.
Referência 1
Ruys TP, Roos-Hesselink JW, Hall R et al. Heart failure in pregnant women with cardiac disease: data from the ROPAC. Heart. 2014;100(3):231-8.
Referência 2
Luthra A, Bajaj R, Jafra A, Jangra K, Arya VK. Anesthesia in pregnancy with heart disease. Saudi J Anaesth. 2017;11(4):454-471.
Palavras Chave
Cesárea; Cardiopatia Reumática; Anestesia geral
Área
Anestesia Obstétrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.INST.MATERN.INFANT.PE-IMIP - Pernambuco - Brasil
Autores
RODRIGO ALVES DE MELO, MATEUS COTIAS FILIZOLA, MARIANA GALVÃO PARAHYBA, ANA GABRIELA MIRANDA BARBOSA, EMANUELA BERNARDINO GALVÃO, REBECA GONELLI