Dados do Trabalho
Título
INFILTRAÇÃO DE NERVO PERIFÉRICO E ANESTESIA PERIDURAL TRANSHIATAL GUIADOS POR FLUOROSCOPIA NO MANEJO DA DOR ONCOLÓGICA: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA.
Descrição
INTRODUÇÃO: Cerca de 86% das pacientes com câncer de colo uterino podem evoluir com dor crônica, sendo comum a refratariedade aos tratamentos convencionais. Nesse contexto, os bloqueios de nervos periféricos e do neuroeixo surgem como opções terapêuticas. Com ênfase ao bloqueio peridural transhiatal, técnica mais comum na pediatria, mas que vem se destacando no manejo de dor crônica pélvica. RELATO DE CASO: Este relato de caso seguiu as diretrizes CARE. Mulher, 46 anos, com diagnóstico de câncer de colo uterino recidivado e metastático, com dor em quadril esquerdo, que irradia para perna, avaliada em 9 de 10 pela Escala Analógica Numérica da Dor. Ressonância Magnética de região lombossacra evidenciou acometimento de nervo obturatório e isquiático. Sintomas eram parcialmente controlados com dipirona 2g/dia, morfina transdérmica 10mg e gabapentina 600mg/dia e resgates com anti-inflamatórios não esteroidais. Avaliada pela equipe de Dor, que indicou o bloqueio dos nervos acometidos e anestesia peridural transhiatal guiados por fluoroscopia. Paciente dá entrada em sala operatória em estado geral regular, emagrecida, com fácies de dor e dificuldade de deambulação. Monitorização básica e sedação leve com 5mg de midazolam e 100mcg de fentanil. Paciente posicionada em decúbito dorsal, realizada assepsia e antissepsia, seguida bloqueio de nervo femoral e obturatório esquerdos sob marcos anatômicos e fluoroscopia, com 10ml de ropivacaína 0,5% e 5mg dexametasona em cada nervo. Para a anestesia peridural transhiatal, paciente posicionada em decúbito ventral, realizada assepsia e antissepsia e, utilizando agulha 17G de Tuohy, na linha média do canal caudal, visualiza-se, por fluoroscopia, o canal sacral translucente aos segmentos sacrais. Identificado espaço, administrado 10ml de ropivacaína 0,2% e 10mg de dexametasona. Ao fim do procedimento, paciente foi encaminhada para Sala de Recuperação Pós-anestésica e, após cerca de 30 minutos, referia melhora de mais de 50% na intensidade da dor. DISCUSSÃO: A dor oncológica é multifatorial, o que torna seu manejo complexo. Ela pode ser neuropática, nociceptiva ou mista, quando há uma combinação dos dois tipos, além do componente psíquico, que influencia na percepção da dor. A injeção peridural de anestésico local e corticoesteroide é uma importante aliada no manejo de pacientes com dor oncológica por desordens lombares baixas, sendo uma alternativa segura, com menos efeitos adversos sistêmicos. Acredita-se que os corticosteroides perineurais atuem por meio da inibição da liberação de mediadores inflamatórios, da descarga neuronal ectópica e da descarga mediada por canais de potássio de fibras C nociceptivas. Os efeitos do procedimento duram em média dois meses, podendo ser repetido em caso de recorrência da dor.
Referência 1
Aguiar-Rosas S, Plancarte-Sanchez R, Hernandez-Porras BC, et al. Pain management in cervical cancer. Front Oncol., v. 14, 2024 Apr. 25, p. 1371779.
Referência 2
Abrecht CR. Chronic Pain Management. Miller’s Basics of Anesthesia. Elsevier, 2015, p 794-809
Palavras Chave
Dor Oncológica
Área
Medicina da Dor, Cuidados Paliativos e Cuidados em Fim de Vida
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.INST.MATERN.INFANT.PE-IMIP - Pernambuco - Brasil
Autores
RAISSA MELO ARRUDA, CATARINA PADILHA TINOCO, JULIA SAMARA PINTO SILVA, MATEUS COTIAS FILIZOLA, REBECA GONELLI ALBANEZ DA CUNHA, GUSTAVO HENRIQUE FRANÇA DE MORAES