Dados do Trabalho


Título

Bloqueio do plano intercostal paraesternal profundo em tratamento cirúrgico de ostemielite de esterno: relato de caso

Descrição

Introdução: O bloqueio do plano intercostal paraesternal profundo foi descrito pela primeira vez por Ueshima et al em 2015 para ressecção de câncer de mama e é usado com sucesso para a dor pós-esternotomia em adultos e crianças. É um bloqueio fascial que abrange ramos anteriores dos nervos intercostais T2 a T6 que inervam, em grande parte, o esterno. Esse relato de caso tem por objetivo descrever a realização do bloqueio e controle da dor aguda pós-operatória em paciente submetida a tratamento cirúrgico de ostemielite de esterno.
Relato de caso: Paciente feminina, 45 anos, hipertensa, diabética, portadora de insuficiência cardíaca, apresentou infarto agudo do miocárdio, submetida à revascularização do miocárdio em setembro de 2023 e evoluiu com osteomielite esternal, sendo proposto tratamento cirúrgico de ostemielite de esterno sob anestesia geral e proposta analgesia com bloqueio do plano intercostal paraesternal profundo. Realizada indução anestésica com 200 mcg de fentanil, 150 mg de propofol e 50 mg de rocurônio. Foram administrados 2g de dipirona e 8 mg de ondansetrona, extubação realizada sem intercorrências, após descurarização. Ao término da cirurgia, bloqueio fascial com 20 ml ropivacaína a 0,5% guiado por ultrassonografia, transdutor colocado longitudinalmente ao longo do plano paramediano cerca de 2 cm lateral à linha média no nível do espaço intercostal T4 e T5, identificado plano interfascial entre os músculos intercostal interno e transverso do tórax por meio de hidrodissecção e instilado anestésico local, após aspiração negativa, utilizando agulha 22G x 50 mm. Paciente avaliada em SRPA, recebeu alta, sem queixas, acompanhada evolução em enfermaria com bom controle álgico.
Discussão: Os bloqueios regionais são alternativas ao uso de opioides que são associados a efeitos adversos significativos, tais como náuseas, vômitos, prurido, constipação intestinal, depressão respiratória e sedação. Um adequado controle da dor aguda pós-operatória contribui significativamente na redução da dor crônica, sendo a incidência nas cirurgias cardíacas de até cerca de 56%. Apesar da proximidade do plano interfascial com a pleura, pericárdio e artéria mamária interna, o bloqueio do plano intercostal paraesternal profundo guiado por ultrassonografia é seguro e também alternativo aos bloqueios de neuroeixo, já que, no geral, são pacientes anticoagulados. Dessa forma, trata-se de um bloqueio recente, ainda com poucas evidências científicas e em curva de aprendizado.

Referência 1

Wong HMK, Chen PY, Tang GCC, et al. Deep Parasternal Intercostal Plane Block for Intraoperative Pain Control in Cardiac Surgical Patients for Sternotomy: A Prospective Randomized Controlled Trial. J Cardiothorac Vasc Anesth. 2024 Mar;38(3):683-690.

Referência 2

Toscano A, Capuano P, Perrucci C, et al. Which ultrasound-guided parasternal intercostal nerve block for post-sternotomy pain? Results from a prospective observational study. J Anesth Analg Crit Care. 2023 Nov 16;3(1):48.

Palavras Chave

Bloqueios; esterno

Área

Anestesia Regional

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET INTEGRADO HRAN-HRT-ISMEP - Distrito Federal - Brasil

Autores

VERÔNICA CRISTINE RODRIGUES COSTA, JULIANA MARIA DOS SANTOS CARDOSO, EDUARDO DE CASTRO LOPES, MATHEUS BARROS DA CUNHA, JACKELINE LOHANE ARAUJO LUCCHESI, MANUELA MENDES ANDRAOS