Dados do Trabalho
Título
Espondilodiscite: evolução insidiosa resultando em diagnóstico e tratamento tardios – Um Relato de Caso
Descrição
Introdução: A espondilodiscite é uma patologia infecciosa da coluna vertebral, de evolução insidiosa e de difícil diagnóstico. O objetivo deste relato foi demonstrar a importância de uma avaliação clínica criteriosa em paciente com dor lombar crônica agudizada. Relato do Caso: Paciente ortopédica 51 anos, portadora de prótese valvar, com quadro de dor lombar com irradiação para membros inferiores, pior à esquerda. A ressonância nuclear magnética (RNM), apresentava hérnia discal foraminal L5 S1 à esquerda. Admitida para analgesia. Prescrito vários analgésicos, inclusive opióides, porém não obteve alívio da dor. Foi avaliada pela Clínica da Dor, onde decidimos, pela realização de Infiltração Transforaminal de L4 L5 e L5 S1 à esquerda e bloqueio peridural interlaminar. Naquele dia, no período da tarde, evoluiu com febre, leucocitose, aumento de PCR e VHS. Manteve o quadro de dor, principalmente aos movimentos. Foi solicitado posteriormente RNM das sacroilíacas, com suspeita de sacroileíte. Iniciada antiobioticoterapia, na evolução continuou com dor e picos febris. Deu sequência no tratamento com antibióticos e analgésicos. Realizada nova RNM com contraste que evidenciou espondilodiscite. Após esta evidência, foi discutido o caso com a equipe de cirurgia geral e cirurgião de coluna, optando-se pela transferência da paciente para outra Instituição, onde recebeu tratamento conservador. Discussão: A paciente é portadora de dor lombar crônica, que evoluiu de forma agudizada e apresentou picos febris anteriormente à internação. A RNM mostrou uma hérnia discal foraminal à esquerda. Diante do exame físico, história clínica, exame de imagem, endosso da clínica ortopédica e a não melhora do quadro álgico com o tratamento conservador, optamos pela realização de procedimentos minimamente invasivos na coluna lombar: bloqueio peridural transforaminal e interlaminar. No mesmo dia evoluiu com picos febris e alteração de exames laboratoriais. Essa mudança abrupta no quadro, sugere que a infecção discal já havia se instalado antes da intervenção e, provavelmente, não foi causada por ela. A abordagem da coluna com a injeção, inclusive de corticosteroide, pode ter sido um catalisador para a mudança clínica, o que mudou o raciocínio: antes com o diagnóstico de hérnia discal e posteriormente, pós bloqueios, sem resposta ao tratamento, com um exaustivo empenho da equipe médica, auxílio de exames laboratoriais e RNM, chegamos ao diagnóstico de espondilodiscite. Dessa forma, é necessária a avaliação clínica criteriosa de pacientes com dor em neuroeixo de difícil controle, com comorbidades cardiovasculares, principalmente os idosos antes da realização de procedimentos na coluna. Também são indispensáveis exames laboratoriais e de imagens. Os mais indicados são hemograma, PCR, VHS e RNM.
Referência 1
Welberthon Matos Queiroz, João & Camila Alves de Assis Pereira, Paula & Figueiredo, Eberval. Espondilodiscite: revisão de literatura. Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery. [Internet]. 2013 [citado 2019 Jan 09] 32. 230-236. 10.1055/s-0038-1626020.
Referência 2
Herren C, Jung N, Pishnamaz M, Breuninger M, Siewe J, Sobottke R: Spondylodiscitis: diagnosis and treatment options—a systematic review. Dtsch Arztebl Int 2017 [citado 2019 Jan 09]; 114: 875–82. Disponível em: DOI: 10.3238/arztebl.2017.0875
Palavras Chave
Discite; Dor lombar; Infeções bacterianas
Área
Medicina da Dor, Cuidados Paliativos e Cuidados em Fim de Vida
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
hospital nossa senhora das dores - Minas Gerais - Brasil
Autores
VINICIUS LAGES MARTINS, MARIA EDUARDA DUARTE FIALHO, JULIA FURTADO DOS REIS