Dados do Trabalho
Título
Anestesia com Intubação Orotraqueal por Videolaringoscopia em Escolar com Sindrome de Cri Du Chat e Preditores de Via Aérea Difícil Submetida a Palatoplastia: um Relato de Caso
Descrição
INTRODUÇÃO: A Síndrome Cri du Chat (SCdC) é uma rara doença genética com incidência estimada de 1 a cada 15000-50000 nascimentos. Sua principal característica é o choro monocromático estridente, semelhante ao de um gato, resultado de anormalidades anatômicas da laringe. Pacientes apresentam também malformações craniofaciais, como microcefalia, base nasal larga, hipertelorismo e micrognatia, além de deficiência intelectual grave, representando um desafio técnico importante ao anestesiologista no manejo das vias aéreas (VA) destes casos, potencialmente expondo os pacientes a situações perigosas de hipóxia. RELATO DE CASO: Este relato de caso seguiu as diretrizes CARE. Escolar de 9 anos, sexo feminino, 16 kg, com diagnóstico de SCdC, é admitida para correção cirúrgica de fissura palatina. Exame físico revela face típica da síndrome, fissura palatina, mobilidade cervical e abertura bucal limitadas e dentição incompleta. Na sala operatória, realizada monitorização básica e indução inalatória (IN) com sevoflurano 7% e oxigênio 100% sob máscara facial e, após garantia de ventilação efetiva sob sistema de Baraka e punção de acesso venoso periférico 22G, com paciente ainda em respiração espontânea, procedeu-se indução anestésica venosa (EV) com 60 mg de propofol, 50 µg de fentanil e 6 mg de atracurio. Primeira tentativa de intubação orotraqueal (IOT) com videolaringoscópio (VL) foi bem-sucedida, usado tubo número 5,5 com balonete e auxilio de bougie. Foi obtida visualização completa da glote, sendo evidenciada epiglote pequena com cordas vocais estreitas. Manutenção anestésica realizada com sevoflurano IN a 3%. Procedimento durou 140 minutos, sem intercorrências, com analgesia garantida por 400 mg de dipirona, 20 mg de cetorolaco e 5 mg de cetamina EV, além de profilaxia de vômitos pós-operatórios com 2,5 mg de ondansentrona e 8 mg de dexametasona em dose antiinflamatória (0,5mg/kg). Fluidoterapia com 800 ml de Ringer lactato. A paciente foi extubada na sala de cirurgia sem complicações e então encaminhada à sala de recuperação pós-anestésica. DISCUSSÃO: O manejo da VA de pacientes com a SCdC requer atenção especial pelos anestesiologistas. A laringe hipoplásica, estreita, com cordas vocais assimétricas, epiglote pequena, atônica e flácida, além do envolvimento neurológico, micrognatia e alterações no palato estão associadas a dificuldade de IOT. A musculatura faríngea hipotônica também pode contribuir para obstrução de VA e dificultar ventilação sob máscara. Um estudo que envolveu 51 pacientes com SCdC submetidos à anestesia concluiu que os maiores problemas anestésicos foram relacionados a dificuldades no processo de IOT, mais especificamente na visualização das cordas vocais. Outro estudo relatou caso de IOT sob VL após falha na visualização de corda vocal por laringoscopia direta em paciente de 24 anos. O cuidado e atenção a esses fatores são essenciais para um planejamento anestésico seguro, e ajudaram a promover o sucesso na condução deste caso.
Referência 1
Cerruti Mainardi, P. Cri du Chat syndrome. Orphanet J Rare Dis 1, 33 (2006)
Referência 2
Guala A, Spunton M, Mainardi PC, et al. 2015. Anesthesia in Cri du Chat Syndrome: Information on 51 Italian patients. Am J Med Genet Part A 167A:1168–1170.
Palavras Chave
sindrome cri du chat; Anestesia pediátrica; Via aérea difícil
Área
Anestesia Pediátrica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.INST.MATERN.INFANT.PE-IMIP - Pernambuco - Brasil
Autores
RAISSA MELO ARRUDA, MARIANA GALVÃO PARAHYBA, MARIA CELIA FERREIRA DA COSTA, DIOGO RODRIGUES DOS SANTOS, SOFIA ARRUDA DE LUCENA RODRIGUES, GUSTAVO HENRIQUE FRANÇA DE MORAES