Dados do Trabalho
Título
MANEJO DE VIA AÉREA EM GLOSSECTOMIA PARCIAL APÓS TRAUMA POR MORDEDURA DE LÍNGUA
Descrição
INTRODUÇÃO: A língua é um órgão muscular que apresenta diversas funções essenciais ao processo de fonação e alimentação, além de estar relacionada à perviedade de via aérea (VA). Traumas na língua podem proporcionar via aérea anatomicamente difícil, exigindo manejo meticuloso pelo anestesiologista. RELATO DE CASO: Paciente de 7 anos, com transtorno do espectro autista grave, sem acompanhamento adequado, é trazido ao hospital por mordedura intensa da própria língua, iniciada há 2 dias. À admissão, apresentava protrusão, edema importante, laceração profunda e necrose da língua (Figuras 1 e 2), necessitando intervenção cirúrgica urgente para prevenir maior sangramento e obstrução de VA. A equipe de anestesia planejou o manejo de VA difícil, com bougie, videolaringoscópio, fibrobroncoscópio e material para traqueostomia. Paciente admitido em jejum, agitado, mantendo ventilação espontânea, com acesso venoso periférico. Administradas Cetamina e Dexmedetomidina via endovenosa (EV) e ofertado oxigênio, além de anestesia tópica intranasal e transcricóidea, que foi bem tolerada. Essas medidas tranquilizaram a criança, permitindo relaxamento mandibular, manipulação da cavidade oral e intubação orotraqueal (IOT) através de laringoscopia direta com auxílio de bougie. Introdução de tubo orotraqueal (TOT) e verificação de sucesso através de capnografia. A equipe cirúrgica evidenciou uma laceração profunda na face inferior da língua, resultando em necrose de terço distal, consequentemente, necessidade de glossectomia parcial (Figura 3). DISCUSSÃO: Traumas na língua podem proporcionar via aérea difícil, devido a possibilidade de ocorrer edema e sangramento, podendo obstruir a VA e causar dificuldade de ventilação espontânea ou controlada, além de dificuldade de IOT. Desse modo, é crucial que o anestesiologista identifique uma possível VA difícil e planeje estratégias adequadas, de acordo com a disponibilidade de cada serviço. No caso apresentado, o planejamento inicial consistia em IOT com paciente desperto com com fibroscopia. Contudo, após a cessação da mordedura com medicações e na ausência de outros preditores de IOT difícil, optou-se pela laringoscopia direta com auxílio de bougie. CONCLUSÃO: O acometimento traumático da língua pode oferecer entrave para o anestesiologista estabelecer VA segura. Assim, deve-se realizar adequado planejamento e manejo de VA, com diferentes estratégias e técnicas de abordagem à VA.
Referência 1
Lima LC, Cumino D de O, Vieira AM, Silva CHR da, Neville MFL, Marques FO, et al.. Recommendations from the Brazilian Society of Anesthesiology (SBA) for difficult airway management in pediatric care. Braz J Anesthesiol. 2024;74(1):744478.
Referência 2
Weissman, R.; Willeman, A.; Bernardi, F. H. Necrose da Língua causada por Trauma: Relato de Caso. Rev Port Estomatol Med Dent Cir Maxilofac. 2004; 45(2), 79-84.
Palavras Chave
Glossectomia; vIA AEREA; Pediatria
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL MUNICIPAL ODILON BEHRENS MG - Minas Gerais - Brasil
Autores
GABRIELA DE SOUSA OLIVEIRA, VITOR TURRA ALEIXO VITARELLI, JESSÉ GOMES BARBOSA, FERNANDO OLIVEIRA NUNES CAIXETA, MARCO TÚLIO MOURA BASTOS