Dados do Trabalho


Título

Via aérea avançada em paciente portador de carcinoma de células escamosas da laringe - Relato de caso

Descrição

Introdução: O controle da via aérea difícil em anestesia representa um desafio clínico significativo, que demanda uma abordagem cuidadosa e protocolos precisos para o sucesso do procedimento. A avaliação precoce da via aérea, o planejamento e ação rápidas são imperativos diante dessa situação. Este relato de caso explora a decisão entre a equipe anestésica e cirúrgica em garantir com segurança a previsibilidade da via aérea do paciente em um contexto emergencial. Relato de caso: Paciente masculino, 47 anos, interna com taquidispnéia devido a um carcinoma escamoso da laringe, sendo proposto uma traqueostomia de emergência. Na avaliação pré operatória foi evidenciada um câncer de laringe submetido a 28 radioterapias, 3 quimioterapias e um exame prévio de videolaringoscopia que evidenciava a prega vocal esquerda paralisada em abdução, prega vocal direita edemaciada, com obstrução de 50 - 60% do lúmen traqueal, por edema e não pela lesão tumoral. Foi optado por assegurar a via aérea através de intubação orotraqueal auxiliada pela broncofibroscopia sob anestesia tópica com lidocaína spray. Foram realizadas 3 tentativas sem sucesso. Foi decidido então em conjunto com a cirurgia realizar a traqueostomia de emergência apenas com anestesia local com lidocaína a 2%. Após 1h de cirurgia foi garantida a via aérea com a passagem da cânula de traqueostomia e sedado o paciente em seguida. Discussão: O manejo de uma via aérea difícil é uma habilidade essencial para o médico anestesiologista, já que a falha de abordagem pode gerar consequências como hipóxia, lesão de vias aéreas e até mesmo parada cardiorrespiratória. Nesse relato, é possível observar a importância de uma boa avaliação pré-operatória, de modo a identificar fatores de risco e preditores de via aérea difícil. Tais preditores incluem o carcinoma escamoso da laringe submetido a radioterapia, quimioterapia e o exame de videolaringoscopia. Sendo assim, este paciente pode ser beneficiado pela técnica de intubação acordada, por apresentar histórico de radioterapia, malignidade de cabeça e pescoço e tumor glótico, garantindo a perviedade da via aérea durante todo o procedimento, evitando o relaxamento das estruturas faríngeas. Embora a técnica de broncofibroscopia seja o recurso mais avançado para garantir a intubação traqueal, não houve sucesso nesse caso. É importante evitar múltiplas tentativas com o mesmo dispositivo, pois isso pode gerar trauma e edema nas vias aéreas, acarretando piora da ventilação, deterioração da saturação de oxigênio e evolução para uma situação de não intubo e não ventilo. Além disso, é evidente a importância da comunicação eficaz e do trabalho em equipe durante situações de via aérea difícil, destacando sempre a segurança do paciente. Tal situação do caso foi decidido por prosseguir a via aérea avançada com anestesia local, respiração espontânea e aporte de oxigênio com cateter nasal, já que houve a impossibilidade de concretizar a intubação sem prejuízo ao paciente.

Referência 1

MARTINS, Márcio ; ORTENZI, Antonio ; PERIN, Daniel, et al. Recomendações da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) para manejo de via aérea difícil em adultos. Brazilian Journal of Anesthesiology. [S.l.], v. 74, n. 1, p. e744477, 2023. Disponível em: https://bjan-sba.org/article/10.1016/j.bjane.2023.12.001/pdf/rba-74-1-e744477-trans1.pdf . Acesso em: 03 julho 2024.

Palavras Chave

Via aérea difícil; Obstrução das Vias Respiratórias

Área

Gerenciamento de vias aéreas

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

RESIDÊNCIA - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO UERJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

GIULIANO LIMA FONTES MARQUES, MARCELO SAMPAIO DURAN, BRUNO VITOR MARTINS SANTIAGO, PAULA CRISTINA LEITÃO DE ASSUNÇAO, LUISA REINHARDT , NATHALIA RODRIGUES LEÃO PINA