Dados do Trabalho


Título

DESAFIOS DA ANESTESIA GERAL PARA COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA EM PACIENTE COM OSTEOGÊNESE IMPERFEITA: UM RELATO DE CASO

Descrição

INTRODUÇÃO:
A Osteogênese Imperfeita (OI) é uma condição genética rara caracterizada por fragilidade óssea e deformidades esqueléticas resultantes de anomalias graves na formação e estrutura do colágeno. O manejo anestésico em pacientes com OI se mostra desafiador, dadas suas particularidades quanto à abordagem das vias aéreas, deformidades da coluna vertebral, mecânica pulmonar, anomalias cardíacas, discrasia sanguínea, hipertermia maligna e a rara ocorrência de invaginação basilar. Este trabalho descreve o caso de uma paciente jovem com OI submetida à anestesia geral para colecistectomia videolaparoscópica (CVL), destacando os desafios na avaliação pré-operatória, a identificação precisa dos fatores de risco e os cuidados intra e pós-operatórios necessários para garantir um curso anestésico sem intercorrências.

RELATO DE CASO:
Mulher, 28 anos, 155 cm de altura, cadeirante, portadora de OI tipo I, apresentando diagnóstico de pancreatite aguda biliar, para a qual foi indicada CVL após resolução do quadro inflamatório inicial. Histórico de abordagens prévias para osteossíntese de olécrano e fêmur à esquerda, além de cirurgia ortognática. Durante a avaliação pré-anestésica, foram identificadas limitações na rotação dos antebraços bilateralmente, classificação de Mallampati II e ASA IIIE.

A partir de sua chegada à sala operatória, houve acomodação extremamente cuidadosa em maca cirúrgica, esta acolchoada para evitar compressão de estruturas contra superfície rígida, junto à mobilização cautelosa durante posicionamento, considerando a possibilidade de luxação secundária à frouxidão articular. O bloqueio muscular foi realizado com Rocurônio, afastando a possibilidade de fasciculações associadas à Succinilcolina. Quanto às vias aéreas, foram utilizados videolaringoscópio e "bougie", preservando a excessiva extensão da coluna cervical e a chance de luxação ou fratura atlantoaxial. Ademais, o ato cirúrgico foi realizado sob anestesia venosa total com Propofol em bomba de infusão contínua, resguardando contra a deflagração de Hipertermia Maligna secundária à exposição por anestésico inalatório halogenado.

DISCUSSÃO:
Cabe concluir que, por mais rara que seja a complicação anestésica na OI, esses pacientes devem ser considerados como portadores de particularidades que requerem consideração cuidadosa dos riscos associados na escolha da técnica anestésica e ao planejamento pré-operatório, especialmente quanto à fragilidade óssea e às complicações respiratórias. A experiência relatada evidencia a importância de um planejamento detalhado e da colaboração entre a equipe anestésica e cirúrgica para garantir a segurança e o sucesso do procedimento.

Referência 1

Oakley I, Reece LP: Anesthetic implications for the patient with osteogenesis imperfecta. AANA J 78:47–53 (2010).

Referência 2

Kindler CH, Evgenov OV, Crawford LC, Vazquez R, Lewis JM, Nozari A. Anesthesia for Orthopedic Surgery. In: Miller RD. Miller’s anesthesia. 9th ed. Philadelphia: Elsevier/Saunders; 2020. p. 2084-85.

Palavras Chave

Osteogênese Imperfeita; Anestesia geral; Colecistectomia videolaparoscópica

Área

Medicina Perioperatória

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET PASTEUR - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

FAGNER FARIA FRANCO ABREU, RENAN CARDOSO COSTA COPPI, MARCELO PENA MOREIRA OLIVEIRA, VICTOR SALMAZO REBELLO, FELIPE CASTRO FREITAS