Dados do Trabalho
Título
Papel do Ecocardiograma Transesofágico em Anestesia para Complicações da Síndrome de Loeys-Dietz
Descrição
Introdução:
Síndrome de Loeys-Dietz (SLD) é uma doença autossômica dominante do tecido conjuntivo rara, caracterizada por achados vasculares (aneurismas e/ou dissecções arteriais cerebrais, torácicas e abdominais) e manifestações esqueléticas (pectus excavatum e outros). A necessidade de intervenções cirúrgicas pode evoluir com complicações atípicas, investigações e tratamentos de exceções. O Ecocardiograma Transesofágico (ETE) amplia o papel do anestesiologista no perioperatório, fornecendo informações clínicas imprescindíveis à condução do ato anestésico-cirúrgico.
Relato de caso:
Paciente feminina, 35 anos, portadora da SLD, submetida à cirurgia de correção de aneurisma de aorta torácica e correção de pectus excavatum com órtese metálica há 11 anos. Admitida com quadro de anemia hemolítica, sem causa evidente. Angiotomografia com pseudoaneurisma da aorta ascendente proximal, sob a raiz da prótese valvar com conteúdo trombosado em seu interior, transfixado por órtese metálica da fixação do pectus, ocasionando compressão do átrio esquerdo. Após discussão com equipe multidisciplinar, já que órtese deveria ter sido retirada há 9 anos, optado por cirurgia para reconstrução da raiz da aorta. Realizada anestesia geral balanceada com monitorização invasiva de pressão arterial e pressão venosa central, além da introdução de sonda de ETE. Realizado controle hemodinâmico, evitando-se variações pressóricas, com cristaloides, vasopressores e hemotransfusão com concentrados de hemácias e sistema de autotransfusão. O ETE, através da visualização anatômica do coração e grandes vasos, auxiliou na identificação da perfuração de átrio direito e laceração do tubo valvado pela órtese inserida para correção de pectus, ocasionando perfuração do tubo protético da aorta ascendente. Realizada correção com parada circulatória após hipotermia. Saída de CEC após reaquecimento, com evolução desfavorável. Parâmetros do ETE evidenciaram hipocinesia difusa biventricular, baixos débito cardíaco e volume sistólico, mesmo com inotrópico e vasopressores em doses supra-fisiológicas. Evolução para PCR em ritmo não chocável (AESP), realizadas manobras de reanimação seguindo protocolos do ACLS e AHA. Evolução para ritmo chocável (FV), com desfibrilação ineficaz. Óbito após 55 minutos em AESP e monitorização cerebral com 100% de supressão.
Discussão:
O ETE se estabelece como ferramenta importante na prática anestésica atual, já que sua aplicação possibilita monitorização contínua dos parâmetros hemodinâmicos e de anatomia e função cardíacas em tempo real durante o procedimento cirúrgico, otimizando condução de casos complexos, pois complicações intra-operatórias podem estar associadas a rápida piora hemodinâmica. O ETE foi fundamental para adequada abordagem na identificação da laceração de tubo valvar decorrente de complicações mecânicas de cirurgia prévia, apesar do desfecho negativo.
Referência 1
Loeys BL, Dietz HC. Loeys-Dietz Syndrome. 2008 Feb 28 [Updated 2018 Mar 1]. In: Adam MP, Feldman J, Mirzaa GM, et al., editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2024. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1133/
Referência 2
Krichevskiy LA, Dzybinskaya EV. Fifteen Years of Transesophageal Echocardiography in Cardiac Anesthesia in Russia. J Cardiothorac Vasc Anesth. 2019 Dec;33(12):3375-3382. doi: 10.1053/j.jvca.2019.06.001. Epub 2019 Jun 8. PMID: 31253523.
Palavras Chave
Ecocardiograma Transesofágico; Perioperatório; Síndrome de Loeys-Dietz
Área
Tecnologia/Equipamento/Monitoramento
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL SÃO JOSÉ DE CRICIÚMA SC - Santa Catarina - Brasil
Autores
ISABELLA SALZANO MARCHESE, AMANDA DAL PONTE, JULIA FERRAZ, MARIANA DORNELLES FRASSETTO, ERIC BENEDET LINEBURGER, CELSO GRIMM JUNIOR