Dados do Trabalho
Título
RELAÇÃO ENTRE HIPERGLICEMIA PÓS-OPERATÓRIA E FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS E DE SAÚDE EM PACIENTES SUBMETIDOS A NEUROCIRURGIA ELETIVA: COORTE RETROSPECTIVA
Descrição
Justificativa e objetivos: A neurocirurgia eletiva é indicada para o manejo de doenças do sistema nervoso que não requerem intervenção imediata, permitindo planejamento e preparo adequado. Esse tipo de procedimento ainda enfrenta desafios, como o uso de medicamentos anestésicos - como o sevoflurano - que podem influenciar a resposta metabólica à cirurgia, alterando os níveis glicêmicos do paciente. Assim, a ocorrência de hiperglicemia pós-operatória (HPO) é capaz de gerar complicações relevantes, como dano neuronal, comprometimento da microcirculação e maior mortalidade. O presente estudo visa delinear o perfil sociodemográfico e de saúde, estimar a incidência de HPO e verificar os fatores relacionados. Método: Coorte retrospectiva com pacientes de 18 ou mais anos de idade submetidos à neurocirurgia eletiva entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022 em um hospital terciário de Passo Fundo - RS. Após aprovação ética e dispensa do termo de consentimento livre e esclarecido, os dados foram obtidos através de prontuários eletrônicos. O desfecho observado foi a HPO (glicemia casual acima de 180 mg/dL no período pós-operatório) e as variáveis de exposição incluíram aspectos sociodemográficos e de saúde. Na análise estatística, executaram-se as frequências absolutas e relativas das variáveis de exposição e o cálculo de incidência do desfecho com intervalo de confiança de 95% (IC95), avaliando sua distribuição conforme as variáveis de exposição (teste de qui-quadrado de Pearson; erro alfa de 5%). Resultados: Amostra de 171 pacientes, com predomínio do sexo masculino (53,8%), idade entre 60 e 69 anos (21,0%), pele branca (94,2%), com cônjuge (55,0%), ensino fundamental completo (54,1%) e com atividade remunerada (61,1%). Ademais, 33,9% eram tabagistas atuais ou prévios e 55,6% relataram consumir bebida alcoólica. O peso corporal inadequado foi preeminente (60,4%), bem como a existência de comorbidade (94,2%), sendo hipertensão arterial sistêmica (HAS) a mais frequente (55,0%). O anestésico sevoflurano foi utilizado em 10,0% dos casos. Encontrou-se incidência de 24,6% de HPO (IC95 18,5-31,4), sendo que a maior parte dos pacientes que utilizaram sevoflurano alcançaram o desfecho observado (58,8%; p=0,001). Além disso, ter HAS prévia proporcionou maior ocorrência de HPO do que não ter a doença (30,9%; p=0,035). Também, ter o ensino médio completo favoreceu menos casos de HPO (82,1%; p=0,032). Conclusões: Os achados encontrados condizem com os registros existentes na literatura, pois demonstram que anestésicos inalatórios, como o sevoflurano, apresentam elevadas taxas de HPO. O mecanismo desencadeado por esse agente farmacológico consiste em uma defasagem na tolerância à glicose e na secreção de insulina, com uma tendência crescente da glicemia no decorrer da cirurgia. A relação encontrada entre HAS e HPO também exibe respaldo na literatura, visto que essa comorbidade pode aumentar o estresse cirúrgico, potencializando consequências pós-operatórias, como a HPO.
Referência 1
Chen Y, Jiang S, Wu Y. Effect of 2 different anesthesia methods on stress response in neurosurgical patients with hypertension or normal. Medicine, 2016;95:e4769–e4769.
Referência 2
Kaushal A, Bindra A, Dube SK. Effect of sevoflurane versus desflurane on blood glucose level in patients undergoing intracranial neurosurgery: A randomised controlled study. Indian J Anaesth. 2022;66:769–769.
Palavras Chave
anestésicos inalatórios; Sevoflurano; cuidados pós-operatório
Área
Sistemas Endócrino e Metabólico
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - UFFS - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
LUCAS DALLA MARIA, JULIA HELENA GLESSE, PAULO DAMBROS FILHO, SHANA GINAR DA SILVA, EUGENIO PAGNUSSATT NETO, IVANA LORAINE LINDEMANN