Dados do Trabalho


Título

Anestesia Alvo Controlada para CPRE em Gestante no Terceiro Trimestre de Gestação

Descrição

Introdução: As complicações relacionadas aos cálculos biliares são uma das principais causas de indicação cirúrgica não obstétrica na gestante. Apesar de apenas 1% apresentar sintomas, quase 10% das gestantes com cálculos sintomáticos desenvolvem complicações. Dentre as opções anestésicas, a combinação de propofol com remifentanil apresenta ótimo perfil hemodinâmico para segurança materno-fetal. Técnicas de infusão alvo-controlada (TCI) em gestantes não diferem muito na população geral, havendo poucos estudos com TCI em gestações tardias. Relato de Caso: Paciente de 24 anos, sexo feminino, sem comorbidades, gestante G1P0, no terceiro trimestre de gestação, com histórico de colelitíase e múltiplos episódios de icterícia. Realizou colangioressonância que mostrou presença de coledocolitíase. Indicada CPRE, ponderando os riscos e benefícios, sendo submetida ao procedimento com 34 semanas de gestação, peso de 92kg, ASA II (devido à gestação). Anestesia tópica de orofaringe com lidocaína spray a 10%. Posicionada em DLE, e O2 suplementar por óculos nasal a 4 L/min. Sedação com propofol utilizando-se peso corrigido para altura de 1,63m (40% do excesso de peso) de 69 kg, em TCI, modelo Fast Marsh, associado a remifentanil em MCI, até M/OASS de 2. FCF ao início de 138 bpm e ao final de 151bpm, aferidos via POCUS, com visualização de movimentação fetal em ambos os momentos. PONV com dexametasona 10 mg e ondansetrona 4 mg. Analgesia com dipirona 2g. Paciente manteve-se estável ao longo do procedimento. Despertar sem queixas. POI em RPA com alta para enfermaria onde evoluiu com pancreatite aguda (PA) pós-CPRE leve. Recebeu alta hospitalar no 2º DPO, clinicamente estável, com boa movimentação fetal e FCF estável. Com IG de 37 semanas e 1 dia, deu à luz a um neonato do sexo masculino, por via vaginal, sem intercorrências. A paciente informa que o lactente segue bem e com desenvolvimento normal até o momento, após 3 meses de evolução. Discussão: A gestação per se aumenta o risco de PA pós-CPRE, com possível contribuição do não uso do AINE devido a IG superior as 28 semanas. Sedação costuma ser a técnica de escolha para o exame, sendo a indicação de IOT individualizada. O uso de remifentanil e propofol se mostrou eficaz para preservar a hemodinâmica materna, sem efeitos deletérios ao feto. O remifentanil atenuou a resposta ao estresse materno e proporcionou estabilidade hemodinâmica, enquanto o propofol garantiu sedação durante a manutenção da anestesia. A rápida indução e recuperação são vantagens proporcionadas pela combinação desses agentes, especialmente quando empregada a técnica de TCI. O modelo de Marsh parece viável para pacientes grávidas, apesar de poucos estudos específicos. Esta combinação de fármacos é amplamente utilizada no modelo TCI, sendo eficaz e segura para a indução e manutenção da anestesia durante a gravidez, desde que haja suporte obstétrico e pediátrico adequado para monitorar alterações precoces na hemodinâmica materno-fetal.

Referência 1

1. Flood P, Ansari J. A Bun in the Oven: How to Use TIVA in Obstetrics. In: Irwin MG, Wong GTC, Lam SW, editors. Taking on TIVA: Debunking Myths and Dispelling Misunderstandings. Cambridge: Cambridge University Press; 2019. p. 139–45.

Referência 2

2. Shergill AK, Ben-Menachem T, Chandrasekhara V, et al (2012) Guidelines for endoscopy in pregnant and lactating women. Gastrointestinal Endoscopy 76:18–24.

Palavras Chave

CPRE; gestação; TCI

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET S.A.INST.MATERN.INFANT.PE-IMIP - Pernambuco - Brasil

Autores

EDUARDO CIRNE PEDROSA DE OLIVEIRA, MATEUS COTIAS FILIZOLA, JOÃO GUILHERME ALVES DE ANDRADE, MARIA CÉLIA FERREIRA DA COSTA, MARCELO NEVES SILVA, CRISTOVAM ALVES DE LIRA TERCEIRO