Dados do Trabalho
Título
Manejo da relação entre fluxo sanguíneo pulmonar e sistêmico (Qp/Qs) em paciente com cardiopatia congênita complexa submetido a laparotomia.
Descrição
Introdução: O equilíbrio entre o fluxo pulmonar e o fluxo sistêmico (Qp/Qs) é fundamental para a manutenção do funcionamento dos sistemas nos pacientes com cardiopatias congênitas complexas. Diferentes métodos de direcionamento de fluxo não cirúrgicos podem ser utilizados. Aplicar as ferramentas adequadas constituem grande desafio para o anestesista em cirurgias não cardíacas. Relato do caso: Lactente, 6 meses, feminino, 5,8kg, portadora de síndrome de Down e diagnóstico de tetralogia de Fallot e defeito do septo atrioventricular Total. História prévia de internações por invaginação intestinal e implante de stent em artéria pulmonar. Iniciou quadro de sub-oclusão intestinal e foi indicada uma laparotomia exploradora. Admitido na sala de operação, recebeu dispositivo de aquecimento de ar forçado e monitorada com oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e eletrocardiograma. Revisado o Cateter Central de Inserção Periférica em MSD. Sinais vitais: saturação 77% frequência cardíaca 110bpm pressão arterial 100/40mmHg. Indução sob máscara facial com sevoflurano 4 vol% além de Midazolam 0,5mg e Cetamina 5mg, ambos via endovenosa (EV). Realizada intubação orotraqueal com tubo 4mm sem cuff por laringoscopia direta e acoplado a ventilação mecânica no modo pressão controlado. Administrados Fentanil 10mcg e Rocurônio 3,6mg EV. Mantido taxa hídrica de manutenção 6ml/h de Soro Glicosado 5%EV e recebeu alíquotas de 20ml de soro fisiológico durante períodos de hipotensão, totalizando 80ml. Procedimento cirúrgico e anestésico sem intercorrências com duração de 1:30 h tendo o paciente sido liberado para UTI estável. Evoluiu satisfatoriamente, extubado nas primeiras 24h recebendo alta hospitalar após 7 dias. Discussão: A direção do fluxo do shunt é importante para manutenção da estabilidade clínica durante o intraoperatório. As variáveis que interferem nesse sistema são: Resistência Vascular Pulmonar e Resistência Vascular Sistêmica. O oxigênio é um potente vasodilatador pulmonar, permitindo maior fluxo pulmonar reduzindo o shunt direito esquerdo. A alta pressão intratorácica que pode ocorrer com ventilação mecânica, broncoespasmo ou pressão expiratória final positiva reverte a direção de um shunt da esquerda para a direita ou, no mínimo, torna-o bidirecional. A cetamina aumenta a Resistência Vascular Sistêmica e o débito cardíaco, diminuindo assim a magnitude do desvio da direita para a esquerda, por isso foi optado pelo uso desse fármaco na indução. Na anestesia para pacientes com cardiopatia congênita para haver o equilíbrio entre o (Qp/Qs) são imperativos manter Residência Vascular Sistêmica normal ou ligeiramente aumentada e a Resistência Vascular Pulmonar baixa. Por isso, deve ser evitada hipoxemia e hipercarpnia, e a escolha do anestésico venoso deve ser individualizada nesse contexto, sendo a cetamina um boa opção.
Referência 1
Brown ML, DiNardo JA, Nasr VG. Anesthesia in Pediatric Patients With Congenital Heart Disease Undergoing Noncardiac Surgery: Defining the Risk. J Cardiothorac Vasc Anesth. 2020;34;470-478.
Referência 2
Williams GD, Philip BM, Chu LF E et al. Ketamine does not increase pulmonary vascular resistance in children with pulmonary hypertension undergoing sevoflurane anesthesia and spontaneous ventilation. Anesth Analg. 2007;105;1578-84.
Palavras Chave
cardiopatias; Cetamina;
Área
Anestesia Cardiovascular e Torácica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - HOSPITAL ALCIDES CARNEIRO FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS FUNDACAO OCTACILIO GUALBERTO - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
AMANDA MARTINS CAMARA, ALFREDO GUILHERME HAACK COUTO, BRYNNER MOTA BUÇARD, MASTERSON JOSE FREITAS FERREIRA, LUISA LOPES DIAS DA SILVA