Dados do Trabalho
Título
Parada Cardíaca Após Arterectomia Rotacional: Um Relato de Caso
Descrição
Introdução: A arterectomia rotacional é um procedimento que utiliza uma broca diamantada para desgastar placas calcificadas nas coronárias, sendo opção para implantação de stents em pacientes com doença arterial coronariana complexa, mas também carrega riscos significativos.
Relato de caso: Uma paciente de 77 anos, com histórico de dislipidemia, apresentou-se ao departamento de emergência com queixas de mal-estar, dor no peito e perda de consciência. O eletrocardiograma mostrou infarto do miocárdio com elevação do segmento ST, e a paciente foi imediatamente encaminhada para cateterismo de emergência.
A angiografia revelou uma oclusão de 100% da artéria coronária direita, tratada com implante de stent farmacológico. No entanto, uma lesão residual significativa com densa calcificação foi observada na artéria descendente anterior (DA) em terço médio.
A paciente foi então submetida a outro procedimento eletivo para tratar com uso de arterectomia rotacional. Durante o procedimento, foi observado o fenômeno de no-reflow na DA em porção médio-distal, provavelmente devido à embolização de cálcio da placa calcificada. Foi realizada pré-dilatação com balão, mas a paciente então sofreu parada cardíaca em ritmo AESP, que progrediu para fibrilação ventricular. Apesar dos esforços reanimação cardiopulmonar, desfibrilação e colocação de balão intra-aórtico, evoluiu a óbito.
Discussão: O fenômeno de no-reflow é uma complicação temida da arterectomia rotacional, particularmente em lesões coronarianas fortemente calcificadas. É caracterizado por uma diminuição súbita do fluxo sanguíneo coronariano distal, apesar da ausência de obstrução mecânica do vaso, e acredita-se que seja causado por obstrução microvascular e espasmo.
Em pacientes selecionados, ela pode ser necessária para facilitar a implantação adequada do stent e otimizar os resultados a longo prazo. (Tomey et al., 2014) No entanto, este procedimento apresenta um risco maior de complicações em comparação com as intervenções coronarianas percutâneas convencionais e é geralmente evitado devido ao risco de no-reflow, como observado neste caso.
Este caso destaca o risco potencial de complicações cardíacas, incluindo no-reflow e parada cardíaca, associado ao uso de arterectomia rotacional, particularmente em lesões coronarianas fortemente calcificadas. A seleção cuidadosa dos pacientes e o planejamento do procedimento são cruciais ao considerar a arterectomia rotacional, pois esses dispositivos podem potencialmente deslocar detritos calcificados e levar à embolização distal e a desfechos adversos. (Fernández et al., 2010) O reconhecimento e a gestão rápidos do no-reflow, incluindo o uso de terapia vasodilatadora e dispositivos de proteção embólica distal, podem ajudar a mitigar esses riscos. A presença do anestesista na sala de hemodinâmica é essencial para a manutenção da estabilidade do paciente enquanto as intervenções invasivas são realizadas.
Referência 1
1) Tomey, M I., Kini, A., & Sharma, et al. Status of Rotational Atherectomy. Elsevier BV. 2014;7(4):345-353.
Referência 2
Fernández, J P., Hobson, A., McKenzie, D., et al . Treatment of calcific coronary stenosis with the use of excimer laser coronary atherectomy and rotational atherectomy. 2010;2(6):801-806.
Palavras Chave
cateterismo; no-reflow; Parada Cardíaca
Área
Anestesia e sedação fora da sala de cirurgia
Fonte de financiamento
Instituição de Origem
Instituições
CET GAAP - CUSC - HSC - São Paulo - Brasil
Autores
KAIC FIUZA CAMPOS, ANA CAROLINA NUNES RODRIGUES , CIRILO HADDAD SILVEIRA, ADELI MARIANE VIEIRA LINO ALFANO, GUINTHER GIROLDO BADESSA , PEDRO ABNER LIMA RIBEIRO