Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO NÃO-CIRÚRGICO DE LESÃO TRAQUEAL APÓS INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL

Descrição

Introdução: A laceração de traqueia é uma complicação rara da intubação orotraqueal, porém potencialmente fatal. Dentre os fatores de risco estão: sexo feminino, idade avançada, uso de bougie e anormalidades congênitas da traqueia. Neste trabalho relatamos uma laceração extensa em paciente submetida a um procedimento eletivo, com recuperação completa sem abordagem cirúrgica.

Relato de caso: Paciente feminina, 66 anos, portadora de HAS, DM2 e câncer de endométrio, comparece ao hospital para biópsia eletiva de nódulo pulmonar guiada por tomografia. Indicada anestesia geral e procedida intubação orotraqueal por anestesiologista experiente, sendo posteriormente indicada troca para tubo orotraqueal aramado para reposicionamento em posição prona. Realizada troca de dispositivo utilizando bougie. Após extubação, ao término do procedimento, evolui com hemoptise, edema periorbital bilateral e sinais de enfisema subcutâneo, indicada prontamente a reintubação e nova tomografia, evidenciando laceração de traqueia e pneumomediastino. Transferida para UTI, onde foi realizada fibroscopia flexível mostrando lesão em parede posterior da traqueia de aproximadamente 6 cm. Descartada lesão de esôfago por endoscopia digestiva alta. Alocado tubo orotraqueal em topografia justa-carinal, mantendo cuff insuflado em área íntegra e observação clínica. Permaneceu 18 dias sob IOT, sendo indicada traqueostomia para tratamento de complicações associadas à internação (úlcera sacral por pressão e pneumonia associada à ventilação mecânica), sendo decanulada 52 dias após a traqueostomia, após documentada cicatrização da lesão inicial.

Discussão: Hemoptise, dispneia e enfisema subcutâneo são os sinais clínicos mais comumente associados ao trauma de traqueia, sendo necessário alto grau de suspeição para indicar exames de imagem e documentar achados mais específicos, como o pneumomediastino. A parede membranosa posterior da traqueia é a localização mais comumente acometida na lesão associada à intubação orotraqueal, sendo a fibroscopia óptica o exame padrão-ouro para o diagnóstico. Em pacientes estáveis, sem mediastinite ou lesão de esôfago, o tratamento clínico pode ser indicado desde que passível de observação em regime hospitalar e pronta intervenção em caso de piora clínica.

Conclusão: O tratamento não-cirúrgico da lesão traqueal associada à intubação orotraqueal é efetivo e com respaldo na literatura. Apesar da possibilidade, deve-se ponderar a extensão da lesão (com a perspectiva de tempo de cicatrização) e a possibilidade de complicações associadas à internação prolongada, agregando morbimortalidade.

Referência 1

Vlahou A, Ampatzidou F, Bismpa K, Karaiskos T. Conservative Management of Large Post-Intubation Tracheal Laceration. Ann Card Anaesth. 2024 Jan 1;27(1):85-88.

Referência 2

Singh S, Garg A, Lamba N, Vishal. Anaesthetic management of intraoperative tracheo-bronchial injury. Respir Med Case Rep. 2019 Nov 18;29:100970

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Não se trata de ensaio clínico

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Não se trata de ensaio clínico

Palavras Chave

intubação endotraqueal lesão traqueia

Área

Gerenciamento de vias aéreas

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN - São Paulo - Brasil

Autores

GABRIEL VELOSO CUNHA, THIAGO VAZ DE LIMA GRILO PEREIRA, EDUARDO LUIZ DE ARAÚJO BORGES, HENRIQUE MACIEL FERREIRA E CARNEIRO, RAFAELLA FIGUEIREDO VIEIRA SANTOS, LUIZ GUILHERME VILLARES DA COSTA