Dados do Trabalho
Título
Gargarejo pré-operatório de ketamina para profilaxia de dor de garganta após intubação orotraqueal: revisão sistemática e meta-análise
Descrição
Justificativa e objetivos: A dor de garganta no período pós-operatório é uma das principais queixas de pacientes submetidos à intubação orotraqueal (IOT). A ketamina, um antagonista do NMDA, é capaz de promover analgesia central e local, e seu gargarejo tem sido investigado como profilaxia pré-operatória em diferentes estudos prévios. No entanto, seu efeito analgésico por tal via têm sido contraditório em grande parte dos estudos, com significância estatística discrepante entre resultados individuais. Este estudo objetiva sintetizar quantitativamente os achados em uma meta-análise e fornecer evidência mais robusta acerca do tema. Método: Estudo prospectivamente registrado na OSF e conforme guidelines PRISMA e Cochrane. Realizada uma revisão sistemática nas bases MEDLINE, Embase e Web Of Science com os descritores (ketamine OR esketamine) AND (gargle OR gargled OR gargling), em busca de ensaios clínicos randomizados (ECRs) que administravam ketamina em gargarejo em comparação a grupo placebo (solução salina) para pacientes submetidos a IOT. Referências de estudos incluídos também foram avaliadas. Análise estatística com feita com Review Manager 5.4, com riscos relativos (RR) e intervalo de confiança de 95% (95% IC) sob efeitos randômicos e método de Mantel-Haenszel. Resultados: Inicialmente, 101 artigos foram obtidos. Após triagem final, 12 ECRs adequavam-se aos critérios de inclusão dos objetivos (Fig. 1A), totalizando 928 pacientes, dos quais 460 (49.5%) receberam ketamina, com status ASA 1 a 2. Cinco dos estudos foram realizados na Índia, e apenas um utilizou esketamina. Em todos os estudo incluídos, 1 mL do medicamento (apresentação variando de 40 a 50 mg/mL entre estudos) foi diluído em 29 mL de solução salina, totalizando 30 mL de mistura, e o gargarejo durou 30 segundos, cinco minutos antes da indução da anestesia. Grande parte dos procedimentos eram cirurgias otorrinolaringológicas ou abdominais. Nas primeiras 4 horas pós-operatórias, ketamina em gargarejo significativamente reduziu a incidência de garganta dolorida comparada à solução salina (RR 0.49, 95% IC 0.40-0.61, p < 0.001, Fig. 1B). Tal efeito se manteve nos intervalos de 4 a 8 horas (RR 0.48, 95% IC 0.40-0.58, p < 0.001, Fig. 1C) e 8 a 24 horas pós-operatórias (RR 0.47, 95% IC 0.35-0.63, p < 0.001, Figura 1D). Em todos os desfechos, observou-se baixa a moderada heterogeneidade entre estudos. Em análise qualitativa, nenhum estudo reportou efeitos adversos graves com a intervenção aplicada. Conclusões: O gargarejo pré-operatório de ketamina parece ser efetivo como profilaxia de dor de garganta após IOT, com efeitos significativos e sem importante repercussões clínicas. Estudos futuros devem focar na comparação entre diferentes posologias e entre demais agentes (dentre eles, o sulfato de magnésio), para uma melhor aplicabilidade clínica dos achados.
Referência 1
Canbay O, Celebi N, Sahin A et al. Ketamine gargle for attenuating postoperative sore throat. Br J Anaesth. 2008;100:490-493.
Referência 2
Liang J, Liu J, Qiu Z et al. Effect of esketamine gargle on postoperative sore throat in patients undergoing double-lumen endobronchial intubation: a randomised controlled trial. Drug Des Devel Ther. 2023;17:3139-3149.
Link para o registro de estudo
https://osf.io/7pgys/
Palavras Chave
Gargarejo; Ketamina; profilaxia
Área
Gerenciamento de vias aéreas
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
CET S.A.HOSP.CLIN.FAC.MED.UFMG - Minas Gerais - Brasil
Autores
EDUARDO MAIA MARTINS PEREIRA, HENRIQUE PEREIRA CUNHA VALERIANO, MARCOS AURÉLIO SILVA OLIVEIRA, JOÃO PEDRO DUARTE CARDOSO, CAIO RODRIGUES SILVEIRA, EMERSON SEIBERLICH