Dados do Trabalho

Título

ALTERAÇÕES CARDÍACAS EM IDOSOS NO PÓS-OPERATÓRIO DE NEUROCIRURGIA ELETIVA: COORTE RETROSPECTIVA

Descrição

Justificativa e objetivos: A cirurgia neurológica em idosos apresenta desafios consideráveis devido à fragilidade inerente e à alta ocorrência de comorbidades nessa população. As complicações cardíacas pós-operatórias são particularmente preocupantes, pois podem impactar significativamente a recuperação e a qualidade de vida dos pacientes. Diante disso, este estudo visa identificar a incidência de alterações cardíacas e os fatores relacionados, em idosos no pós-operatório de neurocirurgia eletiva. Método: Coorte retrospectiva, realizada em um hospital terciário localizado em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, incluindo indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, submetidos à neurocirurgia intervencionista, de caráter eletivo, entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022. Após aprovação ética e dispensa do termo de consentimento livre e esclarecido, os prontuários eletrônicos dos pacientes foram acessados e os dados de interesse foram coletados. A variável dependente foi composta pelas alterações cardíacas (bradicardia e taquicardia) - registradas durante toda a internação pós-operatória e avaliadas pela análise da frequência cardíaca. As independentes contemplaram sexo, atividade remunerada, cor da pele, peso corporal, quantidade de medicamentos de uso contínuo, presença de comorbidades, atopia medicamentosa, tabagismo, etilismo e doença cardiovascular prévia. Além da incidência de bradicardia e taquicardia (intervalo de confiança de 95% - IC95), estimou-se sua distribuição conforme as variáveis independentes (qui-quadrado e teste exato de Fisher; erro alfa de 5%). Resultados: Amostra de 77 pacientes, destacando-se homens (59,7%), sem atividade remunerada (64,7%), cor de pele branca (93,5%), peso corporal adequado (54,5%), uso de 3 a 6 medicamentos diários (46,8%), presença de comorbidades (97,4%), ausência de atopia medicamentosa (97,4%), tabagistas/ex-tabagistas (40,3%), etilistas/ex-etilistas (55,8%) e doença cardiovascular prévia (36,4%). A incidência encontrada de taquicardia e de bradicardia foi de 32,5% (IC95 22-43) e 5,2% (IC95 1-11) respectivamente. Entre os pacientes com doença cardiovascular prévia, a incidência de taquicardia foi de 17,9% (p=0,038), ao passo que naqueles sem doença cardiovascular a ocorrência de taquicardia foi de 40,8% (p=0,038). Conclusões: Os resultados apontam que a taquicardia é uma alteração cardíaca frequente, sobretudo, nos idosos sem doença cardiovascular prévia. Supõem-se que os pacientes com doenças cardíacas tenham uma reação atenuada à liberação de catecolaminas decorrentes do estresse cirúrgico, devido ao uso contínuo de betabloqueadores. Logo, o monitoramento rigoroso e a intervenção precoce das alterações cardíacas são fundamentais, especialmente, em pacientes sem doença cardiovascular prévia para prevenir complicações adicionais.

Referência 1

SAKAI M, JUJO S, KOBAYASHI J et al. Use of low-dose β 1-blocker for sinus tachycardia in patients with catecholamine support following cardiovascular surgery: a retrospective study. Journal of Cardiothoracic Surgery. 2019; 14:1-6.

Palavras Chave

eventos cardíacos adversos; cuidados pós-operatórios; doenças cardiovasculares