Dados do Trabalho
Título
MICROCIRURGIA PARA TUMORES INTRACRANIANOS: CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA, ANESTÉSICA-CIRÚRGICA, HEMOTRANSFUSIONAL E FARMACOLÓGICA
Descrição
Justificativa e objetivos: A microcirurgia para tumores intracranianos apresenta um tratamento eficaz para diversas doenças oncológicas, mas ainda representa um desafio neurocirúrgico complexo. Neste contexto, a gestão perioperatória adequada é crucial para otimizar os desfechos clínicos. Diante disso, este estudo visa caracterizar o perfil sociodemográfico, o ato anestésico-cirúrgico, a hemotransfusão e a abordagem farmacológica intraoperatória. Método: Estudo transversal realizado em hospital terciário de Passo Fundo - RS, incluindo indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos submetidos à microcirurgia para tumores intracranianos de janeiro de 2020 a dezembro de 2022. Após a aprovação ética e dispensa do termo de consentimento livre e esclarecido, os dados foram coletados em prontuários eletrônicos. O perfil sociodemográfico foi investigado no período pré-operatório, enquanto o ato anestésico-cirúrgico, os aspectos hemotransfusionais e a abordagem farmacológica foram analisadas no período intraoperatório. A estatística descritiva consistiu em estimativas das frequências absolutas (n) e relativas (%). Resultados: Amostra de 43 participantes, destacando-se sexo feminino (65,1%), idade entre 18 e 59 anos (60,5%) e brancas (97,7%). Em relação à caracterização do ato anestésico-cirúrgico, evidenciou-se tempo cirúrgico superior a 240 minutos (81,4%), anestesia geral (100,0%), intubação orotraqueal (100,0%) e decúbito dorsal (88,4%). Em relação aos aspectos transfusionais, 95,3% exibiram reserva de hemácias, sendo o único hemocomponente reservado, e a transfusão foi realizada em 65,1% dos procedimentos. Quanto à abordagem farmacológica intraoperatória, observou-se o uso frequente de um único sedativo (72,1%), com destaque para o propofol (97,7%); o uso simultâneo de dois anestésicos opioides (86,0%) e predominância do remifentanil (97,7%); e a administração de um anestésico inalatório (9,3%), sendo o sevoflurano (9,3%) o único representante desta classe farmacológica. Entre os analgésicos adjuvantes intraoperatórios, enfatizam-se o uso de lidocaína endovenosa (97,7%), dipirona (90,7%) e cetoprofeno (76,7%), com administração simultânea de 4 medicamentos (44,2%). Em 90,7% da amostra, empregou-se apenas um bloqueador neuromuscular, com domínio do cisatracúrio (93,0%), ao passo que 11,6% usaram neostigmina, sendo o único representante desta classe. Entre os anestésicos locais, 81,4% da amostra revelou uso de um único medicamento, com predominância da levobupivacaína (79,1%). Conclusões: Os resultados deste estudo sugerem que a microcirurgia para tumores intracranianos é realizada, predominantemente, em mulheres adultas, em intervenções cirúrgicas prolongadas com anestesia geral, intubação orotraqueal e decúbito dorsal, necessitando de transfusão de hemácias e ampla abordagem farmacológica intraoperatória. Ademais, os resultados foram consistentes com a literatura e podem contribuir para a melhoria do cuidado perioperatório e do prognóstico clínico.
Referência 1
Chi, N., Kong, W., Yin, C. et al. Brainstem Tumors under Microsurgical Resection and Research. Acta Microscopica, v. 29, n. 3, 2020.
Referência 2
Stienen, M. N., Zhang, D. Y., Broggi, M. et al. The influence of preoperative dependency on mortality, functional recovery and complications after microsurgical resection of intracranial tumors. Journal of neuro-oncology, v. 139, p. 441-448, 2018.
Palavras Chave
neuroanestesia; neurocirurgia; Oncologia Cirúrgica
Área
Neurociência e Anestesia Neurocirúrgica
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - UFFS - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
LUCAS DALLA MARIA, CARLOS EDUARDO CARRA DUARTE , BRUNA DAMBRÓS NECKEL, SHANA GINAR DA SILVA, EUGENIO PAGNUSSATT NETO, IVANA LORAINE LINDEMANN