Dados do Trabalho


Título

ANESTESIA GERAL PARA IMPLANTE DE MARCAPASSO EM PACIENTE COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA: RELATO DE CASO

Descrição

INTRODUÇÃO: A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa, rara, fatal, de rápida progressão, que acomete 1,5 a 2,5 pessoas por 100.000 pessoas por ano. É a forma mais comum de doença do neurônio motor superior e inferior. As manifestações clínicas incluem fraqueza e atrofia muscular, falta de coordenação, espasticidade, hiperreflexia, sinal de Babinski, fasciculação e cãibra. O tratamento é paliativo e inclui alívio sintomático e cuidados de suporte, sendo necessárias intervenções cirúrgicas como consequência da progressão da doença. Os manejos pré, intra e pós-operatórios requerem cuidados especiais, já que esses pacientes são mais susceptíveis a complicações associadas à anestesia, principalmente relacionadas ao sistema respiratório. RELATO DE CASO: Paciente masculino, 67 anos, 70 kg, portador de ELA, com dilatação moderada de câmaras cardíacas esquerdas, ventrículo esquerdo com disfunção diastólica global moderada a acentuada e disfunção diastólica moderada. Válvulas mitral e tricúspide com insuficiência leve, hipertensão pulmonar de grau leve a moderado (pressão de artéria pulmonar de 50 mmHg). Holter com ritmo sinusal com ritmo de flutter atrial, arritmias e extrassístoles ventriculares em salva, extrassístoles polimórficas, bigeminismo ventricular e taquicardias ventriculares não sustentadas. Submetido a implante de marcapasso multissítio. Monitorizado com cardioscópio, oxímetro de pulso, termômetro, pressão arterial invasiva, capnografia, Conox, Train of Four (TOF) e diurese. Pré oxigenação com máscara facial de oxigênio (O2). Indução anestésica com Sufentanil 15 mcg, Propofol Target-controlled infusion (TCI) modelo Marsh 2 μg/ml, Rocurônio 50 mg e Dobutamina 0,15 mg/kg/h. Bloqueio periglótico com Ropivacaína 1% 5 ml. Ventilação com máscara facial de O2. Intubação orotraqueal por laringoscopia direta com tubo número 8. Manutenção anestésica venosa com Remifentanil 0,15 mcg/kg/min e Propofol TCI modelo Marsh 2 μg/ml e manutenção de Dobutamina 0,15 mg/kg/h em intra-operatório. Manteve-se estável hemodinamicamente, ato sem intercorrências. Extubado em sala cirúrgica após descurarização com Sugamadex 200 mg, guiado por TOF. Encaminhado a UTI sem uso de drogas. DISCUSSÃO: A neurodegeneração da ELA cursa com padrão heterogêneo. A fraqueza inicia em membros e evolui com acometimento de músculos bulbares e respiratórios, aumentando risco de aspiração e distúrbios respiratórios. Assim, a insuficiência respiratória é a principal preocupação no manejo anestésico. No pré-operatório, deve-se incluir testes de função pulmonar para avaliar a capacidade vital funcional. No intraoperatório, deve-se usar agentes analgésicos e amnésicos rápidos e reversíveis de ação curta. Bloqueadores neuromusculares devem ser usados em doses baixas, evitando os despolarizantes pela potencial hipercalemia letal. No pós-operatório, dispositivos ventilatórios não invasivos podem facilitar a extubação bem-sucedida.

Referência 1

Hoeper AM, Barbara DW, Watson JC et al. Amyotrophic lateral sclerosis and anesthesia: a case series and review of the literature. J Anesth. 2019; 33: 257-265.

Referência 2

Prabhakar A, Owen CP, Kaye AD. Anesthetic management of the patient with amyotrophic lateral sclerosis. J Anesth. 2013; 57: 197-199.

Palavras Chave

Esclerose Lateral Amiotrofica; Anestesia geral; Marca-passo cardíaco artificial

Área

Doenças Neuromusculares e Medicamentos

Fonte de financiamento

Recursos Próprios

Instituições

CET CLÍNICA DE ANESTESIA DE GOIÂNIA - Goiás - Brasil

Autores

LARISSA MANZAN DE ALCÂNTARA BORGES, GIULLIANO GARDENGHI, GUSTAVO SIQUEIRA ELMIRO, LUCIANA HAHMANN ABREU, ESTEVAM BORGES LOPES, FELIPE MENDES FARIA