Dados do Trabalho
Título
Anestesia Regional Neuroaxial para Cirurgia Ortopédica em Paciente Portador de Acondroplasia: um Relato de Caso
Descrição
INTRODUÇÃO: A acondroplasia é a mais frequente dos mais de 100 tipos de displasia esquelética, que levam ao nanismo. A incidência é de 0,5-1,5 em 10.000 recém-nascidos. É uma mutação genética autossômica dominante, do receptor 3 do fator de crescimento dos fibroblastos (FGFR3). Essa mutação resulta em uma desordem da ossificação endocondral. Como consequência, há ossificação prematura da cartilagem epifisária, nanismo, deformidades da coluna vertebral e desvio do eixo dos membros inferiores. Assim, como resultado, particularidades anestésicas devem ser mais bem estudadas, inclusive, no que tange ao bloqueio do neuroeixo nesta população. RELATO DE CASO: Este relato de caso seguiu as diretrizes CARE. Paciente do sexo masculino, portador de acondroplasia e hipertensão arterial, 27 anos, 1,2 m de altura, 60 kg, IMC 41,6 e ASA II. Além disso, apresentava pescoço curto e de diâmetro aumentado, mobilidade reduzida, micrognatia, macroglossia e preditores para via aérea difícil. Havia lordose lombar acentuada, porém, sem escoliose. O paciente foi submetido a cirurgia ortopédica para reparo meniscal e de ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Inicialmente, foram administrados por via endovenosa (EV) cefazolina 2 g e dexametasona 10 mg. A técnica anestésica optada foi a anestesia subaracnóidea associada à sedação. Após o posicionamento adequado do paciente: sentado; foi realizada punção mediana entre a 3º e 4º vértebra lombar, com agulha quincke 25 G, punção única com retorno de líquor, foi administrado 10 mg de bupivacaína hiperbárica e morfina 80 µg, intratecal. A cirurgia teve duração de 3 horas e, ao final, o paciente apresentava movimento dos pés, mas não referia dor. Para sedação, foi realizado midazolam 7 mg, fentanil 50 µg e cetamina 15 mg EV. Ao final da cirurgia, foram administrados: dipirona 2 g, cetoprofeno 100 mg e ondasentrona 4 mg EV. Após o término, realizado bloqueio de nervo femoral guiado por ultrassonografia, injetado ropivacaína 0,2%, 20 ml da solução. DISCUSSÃO: A anestesia regional (neuroaxial e bloqueios periféricos), não apresenta contraindicação neste tipo de paciente. Entretanto, em virtude da baixa estatura e do estreitamento característico do canal medular nesta população, além de possibilidade de fusão de vértebras e presença de deformidade na coluna vertebral, esta prática permanece um desafio para a anestesia. Recomenda-se, diante do exposto, pequenos volumes anestésicos, pois há o risco de bloqueios extensos. No entanto, não há dados suficientes na literatura que indiquem o valor ideal de anestésico local a ser utilizado. Assim, as doses deverão ser individualizadas.
Referência 1
Kilicaslan, B. Ultrasound-guided spinal anaesthesia in a patient with achondroplastic dwarfism
and scoliosis: a case report. Hong Kong Med J. 2023; 29: 459-461.
Referência 2
Benavides, Lizette; Heredia, Rubén Dario; Sauza, Natalia; et al. Spinal anesthesia for cesarean section in a patient with achondroplasia: case report / Anestesia espinal para cesárea segmentaria en paciente con acondroplasia: reporte de caso. Rev. colomb. anestesiol. 2018; 46: 331-335.
Palavras Chave
acondroplasia; raquianestesia; anestesia regional
Área
Anestesia Regional
Fonte de financiamento
Recursos Próprios
Instituições
RESIDÊNCIA - INSTITUTO MATERNO INFANTIL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA IMIP - Pernambuco - Brasil
Autores
LIVANY DE MATTOS ALECRIM, ANA CARLA SALGADO TIAGO FONTES, RODRIGO ALVES MALHEIROS, EDUARDO CIRNE PEDROSA DE OLIVEIRA, IGGOR MEDEIROS PIRAUÁ, GUSTAVO HENRIQUE FRANÇA DE MORAES