Dados do Trabalho


Título

Relato de Caso: Cesárea em paciente com osteogênese imperfeita

Descrição

Introdução
A osteogênese imperfeita (OI) é uma doença rara com prevalência, estimada, de 1:10.000 a 1:20.000 nascidos. Ela está associada a mutação dos genes COL1A1 e COL1A2 que resulta em uma má mineralização da matriz óssea levando a fragilidade e deformidades ósseas. Este artigo se destina a falar sobre o atendimento de uma paciente com OI tipo I que foi submetida a cesariana sob BSA e os cuidados que foram tomados para que o procedimento ocorresse sem intercorrências.

Relato de Caso
GLBR, 35 anos, G1P0A0, 39 + 2 IG, admitida para cesariana eletiva. Avaliação pré-anestésica com histórico de OI tipo 1. Exame físico com abertura de boca normal, redução da mobilidade cervical, Mallampatti IV, pesava 81kg e media 155cm. Exames laboratoriais: Hb 12,9, Ht 37 e plaquetas 177.000. Em sala, separados materiais para intubação difícil e manguito manual para aferição de pressão arterial. A paciente referiu jejum completo, negou alergias ou história de sangramentos. Relatou anestesia geral prévia para adenoidectomia, sem intercorrências, negou outros procedimentos, anestesias ou histórico de hipertermia maligna (pessoal ou familiar). Referiu história de fraturas em cervical, punho, tornozelo e braço, negou fratura de vértebras torácicas ou lombares. Relatou uso prévio de equipamentos de medição de pressão arterial não-invasiva (PANI) sem intercorrências. Iniciada monitorização multiparamétrica com PANI, oximetria de pulso e cardioscopia. Administrado cefalexina 2g e dexametasona 10mg. Posicionada sentada, avaliada coluna lombar e então realizada raquianestesia com agulha whitacre 27G, na altura das vértebras L4-L5, com infusão de bupivacaína hiperbárica a 0,5% (12mg) e morfina (80mcg). Em decúbito dorsal horizontal, testada altura do bloqueio e encontrado bloqueio ao nível do dermátomo equivalente a T4. Feito carbetocina 100mcg no intraoperatório, sem necessidade de outras drogas útero-tônicas. Administrado também ácido tranexâmico (1g), dipirona (2g) ondansetrona (4mg) e hidratação com 1500ml de solução ringer lactato. Evoluiu estável, sendo então encaminhada ao leito.

Discussão
A OI está associada a fraturas com baixo impacto, podendo resultar de manobras como hiperextensão cervical e elevação da mandíbula durante a laringoscopia. A pressão arterial invasiva pode ser considerada em casos mais graves na possibilidade de fraturas com a PANI. A anestesia do neuroeixo pode ser um desafio, principalmente na presença de deformidades na coluna e/ou relatos de fraturas de vértebras na região da punção. A OI também está associada ao risco aumentado de hipercalemia letal e fraturas por contraturas induzidas pela succnilcolina. A OI é um fator de risco para atonia uterina e sangramento pós-parto, estando este último relacionado à prevalência aumentada de coagulopatia causada pela redução da atividade plaquetária e do fator VIII nesse grupo de pacientes2. Antever possíveis complicações anestésicas confere maior segurança para o procedimento e previne iatrogenias.

Referência 1

Sahin A, Salman MA, Erden IA, Aypar U. Upper cervical vertebrae movement during intubating laryngeal mask, fibreoptic and direct laryngoscopy: a video-fluoroscopic study. Eur J Anaesthesiol. 2004 Oct;21(10):819-23. doi: 10.1017/s0265021504000110. PMID: 15678738.

Referência 2

Lyra TG, Pinto VAF, Ivo FAB, Nascimento J dos S. Osteogenesis Imperfecta em obstetrícia: Relato de caso. Rev Bras Anestesiol [Internet]. 2010May;60(3):321–4. Available from: https://doi.org/10.1590/S0034-70942010000300011

Palavras Chave

Osteogênese Imperfeita; BSA na osteogênese imperfeita; raquianestesia

Área

Anestesia Obstétrica

Fonte de financiamento

Instituição de Origem

Instituições

CET DO HOSPITAL VERA CRUZ - São Paulo - Brasil

Autores

CARINA SANTIAGO SOARES, BEATRIZ BOUZAS SEOANE, DIEGO SANTINI, ISABELLE EWERTON NUNES, THIAGO ROMANELLI RIBEIRO, GABRIEL JOSE REDONDANO DE OLIVEIRA