Dados do Trabalho


Título

Manejo Anestésico de Gestante com Síndrome de Liddle e Pré-eclâmpsia Submetida a Cesariana com Anestesia Neuroaxial Raquidiana: um Relato de Caso

Descrição

INTRODUÇÃO: A síndrome de Liddle (SL) é uma condição genética rara que apresenta desafios adicionais durante a gestação devido à sua associação com hipertensão arterial persistente e refratária ao tratamento convencional. Esta síndrome resulta de mutações nos genes que codificam subunidades do canal de sódio epitelial renal, levando a uma reabsorção excessiva de sódio e água nos túbulos renais. Clinicamente, os pacientes apresentam hipertensão de início precoce, baixos níveis de renina plasmática e alcalose metabólica hipoclorêmica. RELATO DE CASO: Este relato de caso seguiu as diretrizes CARE. Paciente feminina, 31 anos, G2P0A1, 35s2d de gestação, diabetes gestacional, além de hipertensão arterial crônica e doença renal crônica secundárias à SL. Encaminhada à triagem obstétrica pelo pré-natal de alto risco após picos hipertensivos refratários ao posicionamento em decúbito lateral esquerdo. Diante do quadro pressórico mantido e achados sugestivos de restrição de crescimento fetal e oligoâmnio, a equipe de obstetrícia optou por interromper a gestação cirurgicamente. A técnica anestésica escolhida foi o bloqueio do neuroeixo raquidiano, sendo realizada a punção subdural a nível de L3-L4 com agulha de Quincke 27G. As doses na raquianestesia foram 12 mg de bupivacaína hiperbárica, 80 µg de morfina e 20 µg de fentanil. Após o bloqueio, a manutenção dos níveis tensionais foi obtida a partir do deslocamento uterino e correção com 2 mg de etilefrina endovenosa (EV) até a extração fetal, a qual ocorreu após 20 minutos de cirurgia (APGAR 9/10). Administrada ocitocina 10 UI EV e 10 UI intramuscular, com bom tônus uterino. Profilaxia para náuseas e vômitos realizada com dexametasona 10mg e ondansetrona 4 mg EV e analgesia adicional com dipirona 2 g EV. Realizado 1g de ácido tranexâmico EV por sangramento mantido após histerorrafia, apesar de tônus uterino satisfatório. Foi adotado aporte volêmico restrito e sulfato de magnésio EV em infusão contínua, tendo em vista hipótese de pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica por parte da equipe obstétrica. A paciente evoluiu com estabilidade hemodinâmica durante o procedimento, sem oscilação expressiva da curva pressórica ou queixas referidas após recuperação anestésica. DISCUSSÃO: O manejo anestésico na SL deve levar em consideração lesões em órgãos alvos, manejo da hipertensão e correção de anormalidades metabólicas, visto que, pacientes com descompensação clínica podem desenvolver complicações renovasculares, cerebrovasculares e cardiovasculares, sendo os principais riscos para a anestesia a hipocalemia e a hipertensão. Dentro do contexto da obstetrícia, não há recomendações definitivas no que tange à modalidade anestésica, tendo sido publicado até o momento apenas um caso de cesariana em paciente com SL e pré-eclâmpsia.

Referência 1

Awadalla M, Patwardhan M, Alsamsam A et al. Management of Liddell Syndrome in Pregnancy: A Case Report and Literature Review. Case Reports in Obstetrics and Gynecology, 2017.

Referência 2

Hayes NE, Aslani A, McCaul CL. Anaesthetic Management of a patient with Liddle’s Syndromes for emergency Caesarean Hysterectomy. Internation Journal of Obstetric Anaesthesia, 2010.

Palavras Chave

anestesia regional

Área

Anestesia Geriátrica

Fonte de financiamento

Público

Instituições

CET S.A.INST.MATERN.INFANT.PE-IMIP - Pernambuco - Brasil

Autores

DÉBORA ARAUJO PAZ, DÉBORA ARAUJO PAZ, LUCAS RIBEIRO COUTINHO, LUCAS RIBEIRO COUTINHO, STÉFENY LIMA PONTES, STÉFENY LIMA PONTES, GUSTAVO HENRIQUE FRANÇA DE MORAES, GUSTAVO HENRIQUE FRANÇA DE MORAES, RANILSON JOSÉ FAGUNDES DO NASCIMENTO, RANILSON JOSÉ FAGUNDES DO NASCIMENTO, MARCELO NECES SILVA, MARCELO NECES SILVA